Desopilando a alma
Acho que vou alí, acolá. tomar um café forte com leite de verdade, sem pasteurização, com todos os lacto bacilos a que tenho direito. Um pão quentinho, com a manteiga derretendo e esparramando entre os dedos. Também um pãozinho de queijo fumegante e uns pedaços de bolo de milho. Vou bem alí, sentir o cheiro de terra, que sobe do chão depois da chuva miúda. Bem acolá, onde não haja asfalto impermeabilizando o chão, e seus vapores maléficos, sorrateiros, que a gente só sente quando já é tarde demais. E, se me der vontade, e tomara que dê, ir mais além, até encontrar uma cachoeira, que nem precisa ser daquelas de cartão postal; pode ser pequena, de água gelada e ruído forte, apagando da memória os sons de buzinas, freadas, palavrões, tiros e toda sorte de barulho e de gente sem modos de cidade grande. Quero o som das palavras ditas sem pressa, quase indolentes, de preferência ; não, sem preferência. pode ser no coreto de uma pracinha ou na porta de alguma mercearia, dessas que cheiram a palha de milho e fumo de rolo. A verdadeira conversa fiada. Pode ser que eu demore procurando esse paraiso. E pode ser também que demore um pouco mais pois, com certeza, também encontrarei uma rede amarrada entre dois pés de pau folhudos pra eu deitar e continuar desopilando a alma. E que ninguém se atreva a me acordar. Nem agora e nem na rede. Fui...rs