TEMPOS FÚTEIS
Amigo leitor, bem vindo aos tempos modernos.
Tempos em que a futilidade abre as sombrias asas da ilusão da realidade ou da real ilusão vivida por quem julga saber muito, ainda que saiba que não sabe nada.
Bem vindo ao tempo em que a vantagem financeira tenta impor-se, mesmo sabendo que seu fim é o perecer. Tempo do não raciocínio, da ausência do pensar, onde a filosofia predominante é a falta de uma filosofia.
Bem vindo, amigo leitor ao tempo atual, que prende o homem no non sense, onde vale qualquer coisa e muito mais para se dar bem.
Bem vindo ao tempo em que a coisa se sobrepõe ao ser, onde a coisificação é tida como a principal qualidade, talvez até uma virtude intocável do ser tido como pensante.
Bem vindo, amigo leitor,ao tempo da falta de objetivo, onde o principal objetivo é descobrir o final de uma novela irreal, uma ficção ou ainda uma cópia barata, porém fiel da realidade humana.
Enquanto o mundo grita lá do outro lado e a Terra mostra que precisa de respeito, o ser se prende na realidade irreal da troca de informações sobre a vida alheia. A moda dos tempos atuais é falar de moda, de dinheiro, de malandragem, da conquista tão ilícita quanto passageira, ainda que o homem possa julgá-la permanente.
Amigo leitor, bem vindo aos tempos fúteis da modernidade, onde a análise, o senso crítico, o questionamento, a argumentação e a razão perdem espaço para a banalidade simplória de um tititi.
Bem vindo, amigo leitor.