FAZER AMOR AMANDO

Elegi como a melhor escritora que conheço Isabel Allende. Seus livros são belos e envolventes, como "La casa de los espíritus" que foi transformado em filme. Um que permite a junção da imaginação e realidade no mesmo patamar é "De amor y de sombra". Basicamente conta a história de uma mulher e de um homem vivendo o amor em sua plenitude. A personagem Beatriz, "viúva de marido vivo" é mãe da única filha, Irene. Beatriz, discretamente, faz viagens para se encontrar com um jovem, com idade de ser seu filho. É o "seu luxo secreto e a confirmação da sua própria estima. Junto a ele só existe o presente e Michel representa o lado oculto e mais luminoso de sua existência". Seu temor maior é um dia poder ser descoberto seu segredo e a condenação pelos que compõem seu círculo de amizade. Possui a certeza de que a condenariam, além de que a chamaria de louca, sem juízo e afirmariam que o estrangeiro só queria explorá-la e deixá-la sem um tostão. Vão dizer que ela deveria ter vergonha e isto seria demais para suportar. Até quando duraria este amor não importava. Reuniam-se, ela e seu namorado, um par de vezes ao ano e em qualquer lugar da terra. Fazem amor e basta. Retorna leve e revigorada, esquecendo os anos que insistem em marcar seu corpo com o passar do tempo, embora consiga driblar, com cirurgias e outros procedimentos dermatológicos, o que a incomoda.

Sua filha Irene é noiva de um militar que vive distante. A proximidade com um fotógrafo (Francisco) no trabalho, revela em ambos valores comuns, sentem-se atraídos e fazem amor amando. Uma raridade pelo que leio, vejo, assisto e escuto casais, depois até de poucos anos juntos, fazerem amor sem o envolvimento de carícias, sem ternura, sem o toque de carinho, de plenitude.

No fundo todos desejamos momentos mágicos de fazer amor amando, sem as amarras das obrigações. Lindo quando o fotógrafo diz "Nunca havia desfrutado com tanta alegria a festa dos sentidos...". O amor está aí, os sentidos disponíveis para serem usados e deixarem marcas de alegria. Claro que nem sempre o fazer amor é festa, mas como em todas as festas há ocasiões para tal e por que não, vez em quando, fazer o amor amando? Só aos privilegiados este poder é permitido, principalmente nos dias de hoje em que as facilidades são tantas nos encontros amorosos e se vai perdendo o encanto de descobrir que se pode vivenciar um grande amor, fazer amor amando, mesmo enfrentando os altos e baixos que o quotidiano oferece.

Edméa
Enviado por Edméa em 18/03/2011
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