Filósofo, você conhece algum? Parte IV (Meio Homem, Meio Bicho)

È impossível não haver uma verossimilhança entre homens e bichos, em algum momento de sua humanização ou humanidade as características humanas e animais convergem, ou de alguma forma se identificam; é um relação tão complexa e por se tratar de bicho devo imediatamente advertir de que há boi na linha.

Equiparar homens e bichos não é algo eqüidistante, nem difícil a mais perfeita equivalência é a de gatos e ratos, ou então a dos cães que comem cães e não há cão para todos, porém não se trata de meros homens, nem de meros animais, trata-se do filósofo ou daquilo que concebe-se como filósofo, em contra-partida é preciso constatar a que características grupo característico de animais este poderia ser associado.

Se o mundo é um mundo de rebanhos e não há senhores de si, nos vem a mente necessariamente o boi, a vaca, ou qualquer outro ruminante, porém a característica de seguidor não é a de um filósofo, talvez a de sofredor, numa de suas fases, logo o filósofo pode se caracterizar por um sofrimento ou uma dor que não cessa, é capaz de morrer pelas causas do mundo e de suas supostas verdades, o cordeiro, a ovelha, passivo, entregue a própria sorte.

Se o mundo é o mundo de cão e que um cão deve comer cão; necessariamente é um mundo de força, é o mais forte não é o cão, mas o leão, o filósofo pode sentir-se um leão ao defender seus objetivos e verdades; porém a força bruta se opõe a força dos argumentos, quanto mais bárbaro menos analítico, é uma regra, uma lei, e segundo lei do mais forte, há sempre aquele que será mais forte, e o leão ou o filósofo leão será eminentemente vencido, por esta razão entre o leão e o cão é preferível ser cão, não para comer cão mas para latir contra os demais cães para que pelo menos comam menos cães.

Se o mundo é um mundo de gatos e ratos, em que gatos comem ratos e os ratos jamais se constituem empecilho aos gatos, um e outro não é compatível ao filósofo, ser filósofo não é ser experto, pois isto é ser maquiavélico ou gato; também não é ser rato, apesar de que por vezes tem que se sujeitar aos gatos, nem um nem outro, não há lugar para o filósofo num mundo de gatos e ratos.

Astúcia, força, submissão, surgem como características necessárias ao convívio humano, as quais não podem em algum momento coexistir como uma atitude filosófica; o filósofo deve ser aquele que está e não está, passa, vai além e retorna, aceita o que não significa que não sofre.

Em outras palavras por mais que pareça conversa para boi dormir, não lugar para filósofos num mundo de bichos e não há lugar para bichos num mundo de filósofos, por enquanto o que temos é o nosso bom e velho mundo de bichos, o bicho homem.