Raios, trovões e trovoadas

Vila Carioca-Ipiranga-SP, anos de 1950.

As ruas do bairro de Vila Carioca, de uma forma geral, eram aterradas com entulho, entulho este proveniente de uma laminação local. Nas margens próximas das residências tinha uma pequena calçadinha, algumas cimentadas outras não, e de ambos os lados o esgoto domiciliar, descarregados em cisternas de cimento e que depois corria a céu aberto por intermédio de valas (nós dizíamos valetas).

Com a existência de muitos terrenos baldios, proliferava a criação de várias espécies de insetos, tais como pernilongos, vaga-lumes, sem esquecer-se da famosa "orquestra sinfônica" - aliás, digo o coaxar dos anuros -, os sapos.

Nas estações primavera-verão as chuvas se faziam presentes, sendo anunciadas por nuvens negras com trovões, trovoadas, relâmpagos e muitos raios. Era comum ver grande quantidade de animais soltos pelo bairro, aliás, devido à umidade do terreno de terra preta, nasciam touceiras de capim, e os animais saciavam a fome, tais como burros, éguas, mulas, cavalos e também cabras.

Um cidadão de origem portuguesa, conhecido pela alcunha de "Arthur verdureiro", deixou seu animal amarrado numa cerca de madeira. Eis que veio um temporal sem precedentes, que inundou a Rua Lício de Miranda, próximo do “Bar do Seo Quincas” e num determinado momento despencou um potente raio, que atingiu a parte inundada, e mesmo estando distante do local o animal caiu fulminado, isto porque as águas serviram de condutor da descarga elétrica, enfim do raio.

Outra situação crítica foi também quando estávamos colocando tacos de madeira numa residência. Um raio caiu nas proximidades do local e uma bola de fogo corria pela massa de areia com cimento (isto dentro da residência) e atingiu o meu irmão Rubens, que rolou pelo chão e ficou sufocado porque a sua (dele) língua enrolou. Com a sabedoria do meu velho pai, conseguiu safar-se do perigo: meu pai abriu a boca do mano e puxou a língua com os dedos das mãos. Foi por pouco.

Um raio é uma descarga elétrica que se produz entre o contato de nuvens de chuva, ou entre uma destas nuvens e a terra. A descarga é visível a olho nu, com trajetórias sinuosas e de ramificações irregulares, às vezes com muitos quilômetros de distância até o solo. Esse fenômeno é conhecido como relâmpago. Ocorre também uma onda sonora chamada trovão.

Tangerynus
Enviado por Tangerynus em 18/03/2011
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