“OS SETE PECADOS CAPITAIS”
“OS SETE PECADOS CAPITAIS”
Inventamos os setes pecados capitais para pecarmos, porque é impossível ignorar algum deles. Sim, inventamos! Temos quer ter regras e condutas, pois se ficarmos soltos com total liberdade, vamos nos aprisionar numa permissividade incontrolável.
Somos o que comemos e o que pensamos, mas se alguém se atrever a entrar na cabeça de outro, certamente irá compartilhar dos mesmos infernos e conhecerá seus mesmos desejos e ódios. Cada cabeça é um mundo e cada gesto pode ser condenado; portanto, vivemos sempre numa linha tênue que separa o bem e o mal. Quem dirá o que é errado? Nós mesmos somos nossos promotores e advogados, a fim de, algum modo, tentar uma convivência civilizada; sem invadir os direitos do próximo e obedecer alguns deveres.
As religiões inventam condenações, perpetuam suas ordens, criam diretrizes e nos empurram suas vontades, com o intuito de domesticar o animal que vive em cada homem. Sem os pecados e sem o perdão, estaríamos soltos, livres para cometermos o que não seria condenável. Obedecemos a uma sociedade e deixamos dormindo nossos extintos, mas, é provável que, em algum momento da vida, ele desperte. A preguiça; a luxúria; a gula; a inveja, o orgulho; a avareza; a ira; de alguma maneira, sentiremos em nosso âmago algo acima citado. Claro que somos todos passíveis de erros, mas até pecar faz bem para nos manter vivos. O mundo platônico não duraria muito, é enfadonho viver sem os tropeços morais, porém, para tudo há um limite; cometer pecados pode, “ma non troppo”.
Aquele que nunca pecou que atire a primeira pedra, ou melhor, que a guarde para si próprio, pois, certamente, irá cometer. Não acredito em santos nem em demônios, mas em homens com instintos e bichos ferozes dormindo nas entranhas dos desejos.
MÁRIO PATERNOSTRO