Os fins do mundo
Em maio de 2004, no Haiti, uma enchente matou 2.600 pessoas. Em dezembro de 2004, um tsunami no sudeste asiático fez 230 mil mortes. Em maio de 2008, um terremoto vitimou 87 mil pessoas na China. Entre julho e agosto de 2010, enchentes no Paquistão mataram 1.985 pessoas. Em março de 2011, um violento terremoto seguido de um tsunami provocaram mais de 5.100 mortes e causaram o desaparecimento de mais de 8.000 pessoas no Japão. E no Rio, as enchentes de janeiro de 2011 nas encostas vitimaram mais de 400 pessoas, o mais mortífero desastre natural no Brasil na última década.
Muitas pessoas encaram estas tragédias como resultado do aquecimento global causado pelo homem, ou então como prenúncios do fim do mundo previsto para 2012 - quando terminará uma era por conta de um alinhamento planetário, segundo os maias, ou chegará o ponto culminante da precessão dos equinócios, que é a mudança do eixo da terra em relação à esfera celeste, segundo os astrólogos. Outras profecias também falam sobre o apocalipse de 2012. Mas e as outras tragédias, as pontuais e particulares? Para ficar em apenas um minúsculo exemplo, o jovem estudante que recentemente foi baleado por um menor de idade na zona norte de São Paulo, sem nenhum motivo além do fato do assassino portar uma arma...
Não se pode culpar o aquecimento global e a poluição por tudo: não é culpa deles a violência gratuita, o descaso dos governantes sobre a ocupação de encostas ou a movimentação das placas tectônicas. Porém, é fato que tudo tem um fim: a bela música que toca na rádio, o sorvete, a chuva, a infância, a faculdade, a vida. Por certo nosso mundo também terá.
Então, o mundo está acabando? Sim, desde sempre. O mundo acaba diariamente, um pouco por dia. Acaba de uma vez para as milhares de pessoas que se tornam apenas números, vitimadas por tragédias naturais; mas acaba com frequência, e individualmente, para as vítimas de guerras, intolerâncias, preconceito e violência. No minúsculo exemplo do jovem estudante paulista, o mundo já acabou para ele e para seus pais.
Sim, o mundo como o conhecemos vai acabar - não sabemos se em 2012 ou daqui a dez mil anos; nem se será de uma só vez, arrasando com a raça humana, ou aos poucos, como se derrete um cubo de gelo. Aqueles que sobreviverem aos pequenos fins do mundo a que estamos todos sujeitos terão a sorte (ou o azar) de conferir a veracidade das profecias.