O Maior Valor do Nosso Futebol.
(Matéria feita em homenagem aos companheiros de 'pelada' - publicada no site www.maonataca.com.br)
O futebol é uma coisa inexplicável sob o ponto de vista das emoções. Esse lado apaixonante do brasileiro se espalha por seus poros e vibra como se fosse o roncar do motor daqueles utilitários Toyotas antigos que tremiam mais que o indivíduo acometido da doença chamada maleita. Aliás, tremer é o verbo mais certo para expressar a emoção daquele que freqüenta o Estágio de futebol, eis que, em grandes clássicos, o concreto parece que vai desabar.
Entretanto, o futebol profissional é apenas epicentro da discussão que vou travar, mas, não a realidade nua e crua que gosto de enfatizar, já que os jogadores profissionais são poucos e não são fontes de nossa convivência. Ou melhor, nós torcemos, vibramos com nossos times, mas, aquilo que mais gostamos não é propriamente a postura de torcedor, já que essa condição nos torna servil da atividade de terceiros, posto que nem sempre os dirigentes de times de futebol são do nosso agrado. Assim, o que nos aproxima mais dessa atividade humana é a capacidade que temos para viver, dentro do nosso contexto particular, o subjetivismo de também sermos um potencial jogador de futebol.
Essa realidade que diz respeito exclusivamente à nossa individualidade é que mais conta, já que nos dá a dimensão de nossa ligação com um campo de futebol e com uma bola. Por conseqüência, também ficamos reféns de um grupo ou de uma organização, posto que essa atividade esportiva demande quorum já que não jogamos sozinhos e sem parceria. Assim, visualizamos nesse campo de raciocínio mais uma atividade voltada para um grupo social com a contribuição do futebol. Ou melhor, observamos aí uma regra de convivência comum entre as pessoas, como é nosso caso aqui do Sindijus, já que nossa afinidade com o futebol vai criando raízes nas nossas relações como seres humanos.
Entretanto, esse cotejo entre o futebol profissional e nossa realidade, faz com que nos organizemos em nossos grupos, criando as ‘peladas’, criando a escolhinha do Valdecir, criando os campeonatos, criando os amistosos de quinta-feira e tudo aquilo que acontece no nosso meio sindical, em que pese algumas divergências, já que nem tudo funciona com unanimidade.
Nesse particular, penso que estamos fazendo amizades e criando mecanismos de lazer que contribuem, significativamente, para o nosso universo coletivo. Essa afinidade nos ajuda em vários aspectos da vida. Primeiro, porque estamos exercitando nosso corpo, numa atividade que nos dá prazer. Segundo, porque estamos nos integrando como seres humanos, expondo nossos trejeitos e nossas vontades. Terceiro, porque estamos mantendo viva a desempenho de grupo, já que nossa unidade e nossa efetiva participação contribuem para a extensão da própria atividade, que não se deixa morrer por omissão.
Assim, penso que o futebol amador, praticado entre classes de trabalhadores, mas, dentro de uma mesma família de servidores públicos, como é nosso caso aqui do Poder Judiciário, está contribuindo para que nasça no seio dessa comunidade a unidade do grupo, por isso, surgiu entre nós a chamada “Bancada da Bola” que se integrou pela afinidade e pela união de propósitos, embora seja apenas uma cédula do meio de um contexto sindical.
O que importa é que mesmo nessa mescla de pensamentos e de idéias, existe uma associação de princípios que são regidos por respeito, por consideração e por amizade, de forma que nem mesmo a idade tem separado nossos propósitos, já que estamos envelhecendo, mas, nem os cabelos brancos têm abalado essa união, porque cada um respeita a limitação alheia. Quando isso faltar, certamente, estaremos assinalando o fim desse renomado grupo chamado “Bancada da Bola”.