Nem sempre o primeiro amor é a primeira namorada
Nem sempre o primeiro amor é a primeira namorada
Nunca concordei com os versos da velha canção. Pelo menos para mim, a primeira namorada é o primeiro amor e o único, sempre. E nunca se esquece.
Este ano quero concretizar o sonho acalentado há anos e anos. Encontrar a primeira namorada no dia 12 de junho. Sabia onde encontrá-la. Aliás, nunca deixei de seguir a trajetória de sua vida depois da separação. A separação como outras separações: doloridas, no início, mas com o passar dos tempos, vai ficando uma saudade gostosa. Acompanhei de longe o seu casamento, o nascimento de seus filhos. A sua viuvez. Na ocasião sequer telegrama enviei. Não soaria bem. Só meses depois lhe mandei bilhete colocando-me à disposição para auxiliá-la, pois soubera que a sua situação não era boa. Nunca obtive resposta.
Forma simples de convidar alguém para encontro: ramalhete de rosas vermelhas e cartão. Telefone para contato. E sempre uma amiga em comum para intermediar.
Um jantar não muito simples. Depois de muitos anos.
-Você aprendeu a dançar bem.
-Andei tomando umas aulas.
Uma coisa tínhamos previamente concordado. Não falar do passado, nem tecer comentários a respeito das nossas aparências. Nem dos amores presentes ou dos que se foram.
Mas como em todos os anos, é apenas um sonho. Um desejo irrealizável. Ela morreu há alguns anos. Está enterrada numa cidade vizinha. E como venho fazendo durante todos esses anos, nesse dia, vou colocar uma rosa vermelha na sua lápide. Ela gostava de vermelho rubro. Sem lágrimas. Mas com muitas, muitas saudades