No tempo
Em ti o tempo não é um casulo. É uma cápsula!
Lapido os instantes num quadrado recto, os instantâneos do mundo. o Atlas diz-me que é Norte, mas é no Sul Tropical do teu coração que me sinto morada.
Dizem que, se roçar o nome de Deus, eu me transformo em energia, e que essa energia a posso fazer chegar até a ti...
Dizem que se evocar o nome de skir em sufi, prostrado pelo tempo eu me transporto na forma dessa energia, e chego de facto até a ti...
Então: desenho o teu rosto no ar, delineio as tuas formas de mulher. Depois acaricio o infinito, como se o espaço entre nós fosse apenas um toque que fecho neste amor de plumas, e no grito de raiva fecho um punho de esgar silencioso até porque não existes aqui, e eu não te quero sentir para não me sentir enganado.
Apagam-se-me da memória essas mensagens projectadas, e deixo-me nos hologramas da inércia, um mantra ecoa no meu espírito, e tu te fazes presença, de ti recordo o olhar de mulher, que nunca esqueço de recordar.
Amar é foda!
Fecho os olhos e deixo-me adormecer.
Paulo Martins