Longe... De ti!

Partir para longe tão longe, muito longe, tão longe que longe ficam as outras dimensões.

Partir para longe como se te dividisses em esferas e eu te sentisse na primeira, na segunda, na terceira, na quinta ou na milésima dimensão.

Partir de mim uma twighlight-zen e evaporar de mim. Ir além do além, deste e de outro e doutra dimensão, desta nova invenção, tida rumada em concepção, abandonar-te nos meus braços dos beijos, partir de nós num lampejo, um grito de grito, uma esfera rodada e AQUI é onde chamo de tua casa... No meu coração!

O meu corpo já nada sente, só flutua etéreo no espaço aéreo, e assim numa prosa em rimas, eu beijo-te o mistério de te ter amado infinitamente um mês, um ano, um milénio, uma eternidade.

E, as Terras que se dividem em lugares, um lá outro teu, o de mim o de cá, a tua casa e a minha casa, e o nada.

A terra que gira, o teu OLHAR no meu, o teu despertar, a despedida, aquela vontade de morrer ALI... Aquela DOR de te ver PARTIR, aquele todo onde tu vais e eu vou, aquele nada fingido... Um momento tortuoso sem ti...

É nas partidas que dói mais o amor, é quando se separam as almas, quando se distam os beijos, é aquela saudade instantânea, uma coisa quase mortal, um choro filho-da-puta... Um grito aloucado... O coração é um mártir a alma uma prenda, o corpo uma vitória.

É na partida que mais dói não te ter...

É nessa dimensão de não te ter que se instala o VAZIO, aquele onde o seguinte é abismado, é o lento olhar para o nada, um não acreditar que fui ou tu foste!

É o vazio onde eu sigo unicamente a tua luz, o teu cheiro, os teus olhos não estando...

É aquele sonho que se sonha, que parece estar mas não está; mas na realidade, é não porque sonho.

Sim és e não és...

És o que não fica, és o não físico um espelho, uma presença, a mão alçada para te tocar, uma loucura de sentidos. E não posso aceder aos sonhos desta maneira, nem tactear a escuridão, nem procastinar o despertar, ainda não sei viver nessa dimensão...

Não posso mas, sinto o teu calor.

A noite passa virando madrugada.

Não quero que amanheça ainda: é tão cedo. Quero ter este pretexto para passar contigo a eternidade ao teu lado.

Não quero, não quero que seja dia hoje, assim posso ficar aqui olhando e velando o teu sono, o teu leve roncar, o teu corpo estendido na king size, feita a medida com um propósito...

Não, não quero.

Não quero partir para longe nesta Terra dividida em esferas e em dimensões. Não quero partir longe, tão longe que longe ficam as outras dimensões...

"De longe te hei de amar da tranquila distância em que o amor é saudade e o desejo, constância."

Cecília Meireles

Paulo Martins

PauloMartins
Enviado por PauloMartins em 14/03/2011
Reeditado em 23/11/2011
Código do texto: T2848440
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