MEMÓRIAS DE UMA INTERNA - FINAL

E assim eu fui crescendo. Último ano no internato, quarta série ginasial, véspera dos meus quinze anos. Naquele tempo iniciávamos com sete anos o curso primário e só concluíamos os quatro do ginasial lá pelos quinze anos. Diferente de hoje em que a criança inicia cedo, com quatorze já cursa o Ensino Médio e aos dezesseis, dezessete anos já está na porta da faculdade. Diferente também a Educação que, de coibidora, impositiva e estática, tornou-se liberal demais, sem regras, com conteúdos defasados, sem o mínimo respeito pelos professores e pelas próprias instituições de ensino.

Os quatro anos de "reclusão" influenciaram meu comportamento e eu, que era uma criança espontânea, participativa não só nas aulas, mas também nas atividades extra-classe, ganhei uma timidez que, por anos, atrapalhou minha vida. Mas isso, aos poucos, eu consegui resolver.

Por outro lado, o desmando educacional iniciado nos anos 70, e que se estendeu por várias décadas, jogou a Educação para o porão das prioridades governamentais. Porque povo analfabeto é gado no cabestro. Hoje o que vemos, são jovens saindo dos cursos universitários desmotivados, despreparados, sem perspectivas. E a grande maioria, sem acesso a uma faculdade, amarga a vida em sub-empregos, porque os cursos técnicos foram excluídos das escolas. Cidades inchadas de pessoas sem as mínimas condições de sobrevivência, esmolando um mínimo de dignidade. Porque, como diz Fagner numa música: "Sem o seu trabalho, um homem não tem honra". Talvez aqueles tempos fossem rígidos demais e deixaram algumas cabeças alienadas mas, hoje, devido a dureza da vida, desenvolveu-se uma grande massa de alienados sociais.

Nem tanto ao Céu, nem tanto a Terra...

FIM

Giustina
Enviado por Giustina em 14/03/2011
Reeditado em 01/03/2014
Código do texto: T2848160
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