Feliz ano novo!
Pronto.
Acabado o Reinado de Momo, voltamos à boa e velha República - aquela que tem mania de confundir "pública" com "privada", em todos os sentidos.
É hora de tirarmos a roupa que melhor nos cabe e voltarmos à fantasia dos colarinhos brancos, dos tailleurezinhos sob medida, das fardas e dos uniformes e das medidas descabidas do traje das bravas trabalhadoras noturnas de rua, sejam de qual sexo forem.
Este é o momento mais propício pra se avaliar como está indo o ano que nos venderam como novíssimo no dia primeiro de janeiro. A primeira revisão, chamada IPTU, já virá com correção acima da inflação. Já a segunda, chamada IPVA, não apenas virá corrigida acima da inflação, como ainda vai te morder com o tal de seguro obrigatório, o qual, obrigatoriamente, não segura nada a não ser a renda das seguradoras. Depois dessas revisões, acabamos descobrindo que o ano nem era tão novinho assim, já tinha muitos km rodados e a rebemboca da parafuseta é aquela mesma que haviam garantido ter "trocado" no ano passado, no retrasado e em todos os anteriores.
Há ainda, pairando macabramente no ar, a ameaça da volta da CPMF que, como sempre, usará a velha e surrada desculpa de subsidiar a saúde, mas será inexoravelmente desviada pra outros fundos sem fundo e nada públicos, embora notórios, enquanto nos deixarão doentes de raiva e de pobreza. Melhor, então, nem mencionar o IR - aquele imposto que faz nosso dinheiro IR e jamais VIR ou VOLTAR. A boa notícia é que o salário mínimo aumentou, mesmo que ainda nos pareça minimamente minúsculo. Mas também aumentaram o preço da gasolina, da luz, da água, do pão nosso de cada dia, do arroz e do feijão, do macarrão, do pirão, do bifão, de tudo que é bão.
Mas o ano ainda promete. E cumpre. Por exemplo, promete que ainda teremos quase dez meses pra darmos um duro danado pra garantir a moleza dos nossos ilibados homens públicos, sejam de qual sexo forem. E, no final, sempre vem o Natal, esta festa cristã que simboliza o décimo terceiro salário, a comilança desenfreada e os presentes comprados a suaves prestações que só acabam em dezembro do ano seguinte, quando serão renovadas.
Então, só me resta desejar a vocês um feliz 2011. E que todos consigam sobreviver a ele, amém.