Meus eus (terapia em grupo) e vontade de ser

Escrever, escrever, escrever. Nascer, aprender, crescer, chorar, gritar, viver, amar e ser. São tantas coisas dentro de nós. Tantos eus, tantos vocês. Dentro de mim há mais de um milhão de pessoas. Dentro de mim há crianças, jovens, adultos, idosos, homens, mulheres e muitos animais. Dentro de mim há um mundo desconhecido. Dentro de mim há um planeta distante e perdido.

Escrevo para espantar a angústia, solidão e recuperar muitas alegrias. As pessoas são a tradução de mim. Sou hermética e feliz. Sou triste e alegre. Sou como andarilha no mundo. Sou eu e nada mais.

Pensar não é para todos. Há quem diz que o simples fato de programar uma rotina e ter respostas sempre é ser inteligente. Não sou inteligente, mas acho que penso bastante.

Fiz terapia durante um tempo e cada semana alguém dentro de mim costumava falar. Minha criança falou, falou e falou. Meu adulto questionou, questionou e questionou. Minha idade avançada quis se acomodar. Quis aceitar o resto da vida e aproveitar as coisas pequenas e boas que estavam ali.

Toda quarta-feira era diferente. Toda quarta-feira apresentava à minha psicologia um ser novo, igual e intenso. Sou intensidade no mundo. Sou fruto de amor e compreensão. Não sou intelectual e nem escritora. Sou viva por ter palavras e gostar da escrita borrada em linhas tortas.

Sinto falta das dúvidas e de alguém tentando analisar a minha complexidade. Nem complexa sou. Suponho ser mais simples que todo mundo. Acontece que eu procuro saber de tudo. Apesar de o desconhecido me assustar, sempre estou à procura dele. Sempre quero mais. Acho que consegui o que sempre quis, mas não posso. Desejar, desejar, desejar. Se eu não tiver mais nada pra desejar do que ainda viver? Tenho sede de quase sabedoria. Tenho sede de silêncio. Tenho sede de SER. CRUEL!

Perco-me em pensamentos fantasiosos e empolgantes. Quando percebo já sou dona do mundo. Quando percebo já tenho dias e dias nas minhas mãos.

Escrever é continuar a realidade com um toque de sutileza inventada. Escrever é amar a mente odiosa que costumo ter. Amar é... Simplesmente é.