No Novo Testamento Jesus** ensinava que o jejum é para ser feito em particular, em ocasiões apropriadas, e não como um ritual mecânico, para ser praticado simplesmente com o propósito de impressionar os outros.

               Quando a tristeza, a culpa ou a necessidade por uma comunicação mais íntima com o Senhor pede isso, então o jejum deve ser praticado.

               Esta semana, durante a missa rezada na faculdade o celebrante abordou um aspecto muito interessante do jejum que eu nunca havia parado para pensar. O jejum pelos sentidos. 

               Fiquei pensando sobre o assunto e decidi que este ano farei (ou tentarei fazer) meu jejum pelos sentidos. Neste período de quaresma tentarei “fugir” dos pecados que os sentidos despertam em mim. 

               Tentarei ver o meu irmão com um olhar mais humano e solidário e “fechar” meus olhos as tentações ambulantes que cruzam meu caminho. Aquele olhar “desinteressado” terá que ficar fora do cardápio. Deus me ajude, pois são muitas as armadilhas.... 

               Como não pecar pela audição? Acredito que este é o mais fácil. Nunca gostei de dar ouvidos a fofocas, mexericos, e coisas do gênero, será fácil manter-me afastada desse tipo de coisa. Sintonizarei meus sentidos nas palavras que dignificam e ajuda-nos a crescer. Tomara que eu consiga...

               O paladar, que já foi o grande vilão, hoje é mais fácil ser controlado, venho reeducando meus hábitos alimentares há algum tempo e acredito que será fácil resistir a gula, mas, como vez por outra caio na tentação, é preciso ficar atenta...

               Fazer o jejum pelo tato vai ser “O” grande desafio. Como controlar as sensações que devem ser evitadas neste período? Controlar os desejos e reações, involuntárias, ao toque? Preciso contar com muita fé e força de vontade...  

               Os cheiros são um convite aos prazeres, sejam do corpo ou da alma. Através deles enviamos mensagens ao cérebro que ao interpretá-las pode nos levar ao pecado. Preciso ficar vigilante aos odores...

               Quando me propus a este jejum voltei aos tempos de menina e lembrei que meus pais não me deixavam jejuar – eles acreditavam que criança não podia – mesmo assim eu teimava e jejuava. Meu irmão dizia que eu iria para o inferno porque jejuava mentindo (escondido de papai e mamãe).

               Hoje, adulta e consciente de minhas limitações, faço opção por este modelo de jejum que me pareceu mais coerente. Que sentido faz passar algumas horas ou dias de fome e nada fazer pela evolução pessoal e da humanidade? Que benefício pode trazer ao corpo e alma se abster de carne e se entregar aos prazeres desta mesma carne? 

               Espero conseguir realizar meu jejum e me tornar uma pessoa mais próxima do Grande Criador. 








 
*Juízes 20:26; 1 Samuel 31:13; 2 Samuel 1:12; 1 Reis 21:27; Ester 4:3; Salmo 35:13; Daniel 6:1; (2 Samuel 12; 1 Samuel 7:6; Jonas 3:5; Neemias 9:1; 2 Crônicas 20:3; Esdras 8:21, 23; Ester 4:16; Joel 1:14; 2:15; Neemias 1:4; Daniel 9:3.
** Mateus 6:16-18; Lucas 5:33-39.