Hackers, futuros heróis

Se o liquidificador tivesse memória de uso e comunicabilidade cedo ou tarde precisaríamos de um hacker para tomar um simples suco. Palavra de quem vive no país que mais usa computador para se nutrir de passatempo. Trata-se de uma visão velada do presente sobre uma necessidade do futuro. Interceptação é uma palavra moderna? Não. Está é atualizada.

Mas estamos no campo literário do pós-tradicionalismo. Neste terreno surge nova dificuldade para um moderno desafio ao escritor caseiro em sua relação editorial. Se há uma mensagem na página dizendo: “esta página é dona de tudo e faz o que quiser quando quiser na hora que quiser com os textos, incluindo apagá-los por motivos unilaterais”, somente hackers poderão ser detentores de obras literárias canceladas no futuro. Lógica. É a extenção lógica que nasce dos laboratórios e não das leis sovinas.

À medida que o escritor fecundo eleva para mil ou mais o número de textos publicados só poderá desentranhar a obra apreendida através de um hacker que tenha copiado a página. Valerá muito dinheiro um original virtual no futuro e tal fatalidade imitará o mercado dos originais perdidos de livros na mesma proporcionalidade. Mesmo sendo solicitado o famosos “salvar” antes do envio, regra que livra o caso das excepcionalidades. Sútil conforto da esperteza. Ora, muitas vezes há necessidade de revisão de textos na própria página enviada sendo o processo reverso quase contrário a natureza mecânica humana numa dimensão maior do conjunto. O melhor fica gravado na página original com acabamento. Aquela lapidação de quem ama o texto escrito.

Confesso que todos nós tememos um apagão da produção criativa. (O voo de todos os arquivos para o vazio do infinito). De tempos em tempos cada um deveria receber exemplar materializado em livro para guardar em casa os prórpios documentos literários, já que os anúncios do Google geram fortunas enquanto o escriba nada percebe. É hipócrita o convite aos escritores modernos para financiarem o próprio livro. São os anúncios do Google quem deviam esquentar o mercado editorial do livro, nunca os pobres escritores. Expostos a mais perfeita especulação modernizada em tempos de pós-tradicionalismo ao estilo pague você mesmo. Livro grátis para todos!

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Por favor, me copiem. Sem excluir minha paternidade.

Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 13/03/2011
Código do texto: T2845014
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