A CASA DA TIA MENA



Hoje acordei com a imagem da casa de minha tia Mena. Não sei dizer se sonhei com o lugar ou não. Somente sei que a mim parece que tive a oportunidade de rever aqueles sítios lindos e acolhedores, enquanto meu corpo dormia.
Na verdade essa tia querida, chamava-se Filomena, e carinhosamente era chamada por todos da família de Mena.
Sua casa na vila de minha infância era um pedaço do paraíso exilado na terra. Tinha uma varanda que volteava a casa toda, e nela a inesquecível cadeira de balanço. Ah, como gostava quando a encontrava vazia, e nela sentava, me sentindo uma rainha no trono, e ainda um trono que balançava, e embalava meus sonhos, sempre tão imaginosos.

Dentro era uma casa aos moldes antigo, teto muito alto, cozinha acolhedora e sempre cheirosa, pelos quitutes feito pela boa tia. O quarto do casal, tinha uma vista magnífica do quintal, que era enorme, com direito a pomar, horta e lago, além de galinheiro e um porão onde, meu tio Armando, filho de imigrantes italianos, assim como minha tia, fazia seus deliciosos vinhos com uvas colhidas no próprio quintal, e licores de laranja e romã, também da colheita ali produzida.

No quarto do casal, havia um banheiro com uma banheira antiga de louça branca, e um janela com uma vista invejável, que hoje se paga os tubos para ter. Havia ainda mais um outro cômodo onde a tia costurava apreciando a vista da mata.
A sala era de jantar e de tv ao mesmo tempo, isso quando compraram uma tv, pois me lembro dela, quando era somente de jantar. Desse espaço guardo na memória o retrato de minha bisavó Concetta, mãe de minha tia Mena. Gostava de olhá-lo, nele via a imagem de uma mulher forte, serena e gentil.

Tinha ainda o quarto enorme dos dois primos, Dárcio e Dalvio. Arteiros e perfeitos moleques, que adoravam uma traquinagem, como fazer inocentes cigarros, enrolados com palha de milho e recheados do cabelo seco do mesmo.
Ah, ia me esquecendo de um ilustre morador da casa, o "Pretinho" um lindo e fiel cão, companheiro inseparável de minha tia. Que um dia já velhinho, morreu atropelado por um dos únicos veículos que trafegavam por aquela vila de chão de terra.
Foi um dia triste, para todos nós, em especial para a tia Mena.

Essa casa, guardo intacta na memória, seu quintal, era lindo e bem cuidado, com plantações de romanzeiras, uveiras, bananeiras, figueiras, goiabeiras, milharais, e um grande lago, que era volteado inteirinho por centenas de pés de copos de leite, que de agosto a novembro quando floresciam, parecia um imagem saída das páginas de antigo calendário.

Adoro voltar em pensamento para essa linda e acolhedora casa, e não raro volto. E entro pelo portão verde, subo uns poucos degraus, e me deparo com o jardim da frente da casa, a direita repleto de roseiras perfumadas, e a esquerda a grande varanda. E, lá encontro a tia Mena, sentada na cadeira de balanço, a me dizer: "e, ai, Leninha, fazendo muitas travessuras hoje? Menina levada, mais parece um menino."

E, a querida tia tinha toda razão, rs.


(Foto da autora)
Lenapena
Enviado por Lenapena em 13/03/2011
Reeditado em 09/11/2011
Código do texto: T2845009