Sapatos sujos
 
Desconheço a inexistência de alguém que, após limpar ou mandar limpar uma casa, não fique tiririca quando percebe as marcas de quem passou por ali com os sapatos sujos. Por isso me deliciei com a lista dos sete sapatos sujos da modernidade arrolados por Mia Couto e que encontrei em um artigo de Dad Squarisi. Prometi até escrever sobre os sapatos sujos do Recanto, mas foi só de brincadeirinha. Existir eles existem sim e um deles certamente seria o viver reclamando das coisas que deixam marcas sujas em seus propósitos e eu atualmente quero é andar com os sapatos bem limpos. Buscando no Google é possível ler o texto em seu contexto, que é a realidade de Moçambique, embora tenha sido escrito já há alguns anos. Falei também em minha crônica dos sete sapatos sujos da Língua Portuguesa e estes podem ser encontrados buscando pela sua autora, Dad Squarisi, que tem um blog muito interessante. ( http://www.dzai.com.br/blogdadad)Sem pedir permissão direta, mas respeitando a fonte, listo aqui a lista da Dad:
1)   É mito a crença de que o português seja uma língua muito difícil, talvez a mais difícil do mundo. – Desde pequena ouço isso e sempre considerei como uma desculpa esfarrapada. Fiquei feliz com o parecer de Dad, uma mestra no assunto, que não nega a dificuldade da Língua, já que é uma Língua culta, mas argumenta que para conhecê-la bem é necessário apenas um pouco de esforço (Ver Mia Couto: o sucesso nasce do trabalho)
2)   - Outro mito é a crença de que ler e escrever bem são dons divinos. Dad diz que tanto ler bem (entendendo o que lê) como escrever bem (ser entendido no que escreve) são habilidades e habilidades exigem treinamento. Logo, para gostar de ler, é preciso , ler, para saber escrever, escrever.
3)   – Outro mito: quem não aprendeu a norma culta nos primeiros anos de escola não mais aprenderá. Aqui ela apresenta como confirmação de que é um mito a figura de nosso ex-presidente Lula e a evolução do seu conhecimento lingüístico. Eu a esse respeito tenho algumas dúvidas, embora concorde que nunca é tarde para aprender. Ou seja, não perdi as esperanças.
4)   – A afirmação não se deve apontar erros, é uma falácia. Como educadora bati firme contra certas correntes baseadas no velho bordão – “quem não se comunica se estrumbica”, afirmando que erros lingüísticos não devem ser corrigidos porque o importante é a comunicação. Acho que tudo tem sua hora. Comunicar é importante e não se deve constranger o aluno cortando a sua comunicação. Mas se o certo não for ensinado, como as pessoas irão aprender?Penso que esse seria também um dos sapatos sujos do Recanto onde alguns vivem batendo na tecla do amadorismo para justificar o escreverem mal. Tanto linguisticamente falando quanto logicamente.
5)   - É ilusão acreditar que as palavras escondem o raquitismo de idéias, ou seja, no mundo moderno quanto mais simples melhor.
6)   O eufemismo muda a realidade não passa de uma crença. Palavras bonitas, adocicadas, suaves não mudam nada. O que é, continua sendo.
7)   – A idéia de que errar pega mal é uma grande bobagem. Errou, aprenda e corrija.
 
 
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