Moldes da Sobrevivência
Nascemos. A partir disso, num sistema globalizante, que agoniza, em um período pós ditadura militar, somos sucumbidos por poderes dominantes, onde quer que estejamos. Basta viver e seguirás. Brotamos do ventre úmido com manual de sobrevivência, pré-moldados por julgamentos e pareceres, por fórmulas (in) concretas de uma sociedade que pena. Esses conceitos empíricos, sem nenhuma fundamentação, do certo e errado, nos amordaça, fazendo crer que o único modo de vivência é justamente segui-los, sem subversões. A sociedade então vivencia o custo desses moldes, as consequencias, os estrangulamentos.
Precisa-se crer em Deus, ir na Igreja e rezar. Ler Machado de Assis na escola, tomar café da manhã, almoçar e jantar. O lema é obedecer,
sem pensar. Somos "ensinados" a não pensar, e assim vivemos, seguindo julgamentos.
A mídia dominante (créditos à Maria Luiza) nos vende o que precisamos seguir. Ela nos molda ao mundo capitalista, pelo consumismo voraz, nos fazendo crer que parecer, através da nossa imagem, é essencial ao ser. O ser também é subjetivo, variante. Ser? Sou e? E se sou? Por justamente extrema complexidade, pela busca contínua e vital da resposta de ser (o que?) é que se sobressai o parecer. Como não fomos formados para pensar, nos cansamos, daí parecemos. O ser é terceirizado, é sempre para o outrem. O olhar sobre si necessita ser interno, sem intermédio, para sobrepor o crescimento. Os olhares externos, sobre os interiores, são muitos, diversificados, mutantes. Causam interrogações, confusões, incertezas. Causam até desistências.
Os rumos necessitam ser pensados, mesmo que não ensinados, interiormente, sem interferências.