Bagagem...
Nossa bagagem começa quando ainda somos crianças, uma bagagem leve, que nos permite andar, correr e sorrir.
Ao longo dos anos, acumulamos muitas coisas e às vezes a bagagem torna-se pesada demais. Assim, temos duas opções, sentar a beira do caminho e esperar que alguém nos ajude, coisa complicadíssima, pois todos terão suas próprias bagagens ou esvaziar a mala. Mas o que vamos jogar fora?
Sentei-me a beira do caminho, resolvi abrir a mala e verificar o que poderia jogar fora. Ao abrir, deparei-me com Amizades, Carinho, Força de Vontade... Retirei e a mala continuou com o mesmo peso...
Continuei e percebi que haviam coisas pesadas, Raiva, Desgosto, Magoas... joguei fora e a mala ficou mais leve, mas ainda pesada.
Fucei um tanto mais, encontrei o Velho e Bom Humor, Força, Coragem, uma pequena Ousadia e ao retirá-los, a mala permaneceu um tanto pesada pra mim.
Revirei mais um pouco, encontrando Paciência e lá no fundo o Desanimo, que quase puxou-me pra dentro da mala, retirei-o a muito custo, pois pesava muito, e joguei fora. Ao retirar o Desanimo, descobri a Esperança perdida há tempos que estava junto com o Amor, ali no fundinho da mala... Retirei-os e coloquei ao meu lado.
Enchi novamente a mala somente com o que não tinha peso algum e acima de todos esses pertences coloquei a Esperança, que é algo que preciso sempre e tem de ser facilmente acessado, pois o Desanimo apesar de ter ficado pelo caminho, insiste em aparecer em minha mala. Fechei e segui o caminho.
Mas e o Amor? Não coloquei na mala, permaneci com ele nas mãos, tamanha a importância que tem pra mim e resolvi oferecer a alguém que o merecesse e o aceitasse e por um acaso cruzasse meu caminho. Caminhei um tanto mais, com a bagagem leve percebi que caminho bem mais rápido.
Cruzei o caminho de um menino, um menino de olhos pequenos, de lindas mãos e voz grave, que a beira do caminho sentado estava, pois não sabia o que jogar fora na pesada mala dele.
Peguei em minha mala a Paciência, a Coragem, a Boa Vontade e tantas outras coisas leves que tinha e mostrei a ele o que deveria ser guardado. Então, desfez-se de sua Angustia, sua Auto Compaixão, sua Não Aceitação, sua Tristeza... e a mala dele também ficou leve.
Assim, levantamos e pedi a ele que carregasse comigo o Amor que estava em minhas mãos e apesar de relutar, ele aceitou e assim como eu, também tinha seu Amor nas mãos e juntos dividimos essa bagagem...
E deste então temos caminhado mais leves, com o Amor e com uma bagagem que ate então era somente minha, mas que passou a ser dele a partir do momento que decidiu comigo dividir.
Em alguns dias sentamos a beira do caminho e esvaziamos tudo de novo, porque as tralhas acumulam-se, mas dividir o serviço torna-o mais rápido, mais divertido, mais prazeroso.
Como o menino carrega consigo a Sabedoria, sempre nota que coloco coisas demais na mala e quando me distraio, ele retira o que não serve pra mim.
Re-arrumamos a mala hoje, e sem que eu notasse na hora, retirou a Raiva, a Incompreensão, o Egoísmo e a Falta de Sabedoria que eu tinha colocado na mala sem nem perceber.
Caminhemos longe meu menino, porque o peso dividido é sempre mais leve!
Amo-te meu companheiro de jornada...
Obs: Carrego comigo a Poesia, ainda que somente você tenha visto isso em minha mala.