VARRENDO FOLHAS - 2
Amanheceu um lindo dia, como de hábito, tomei meu café, comi minha banana amassada com vários grãos, que literalmente vira uma gororoba. Coloquei meu tênis e fui caminhar, pelo condomínio. Quanta coisa para apreciar, "quem tem olhos para ver que veja", os pássaros, fazendo uma algazarra de dar inveja a qualquer criança levada. Um casal de maritaca, comia sem pressa seu desjejum, em uma goiabeira se deliciavam com bicadas sem pressa do doce fruto. Não resisti e me sentei em um banco à sombra da árvore, e fiquei a apreciá-las. Magnífica cena, digna de ser reproduzida, por quem tem o tom da pintura. Pena, que eu não pinte nada, atualmente nem o sete, pinto mais, rs.
Pelo caminho muitas quaresmeiras e paineiras, repletas de flores, que espetáculo mais lindo! As vezes, pagamos tão caro para assistir a um show e a natureza, nos concede gratuitamente, um dos mais belos.
Voltei cansada, o sol já estava quente, depois de ter caminhado seis quilômetros. Ao invés de me sentar, resolvi varrer o jardim da frente de minha casa. A imensa árvore que há na lateral esquerda do jardim, está trocando sua folhagem, e que lindo tapete, coloca sobre o piso da entrada, eu, com muita pena removo, o que para mim é belo, e deixaria como está, mas, moramos em um condomínio, onde as casas são abertas na frente, e convencionou-se, que as folhas são lixo, que tem que ser removido. Então vamos lá.
Varrendo estava, e admirando a beleza do jardim, a primavera da varanda do meu quarto, está florida, os canteiros laterais, estão repletos de flores, vermelhas e amarelas, um encanto sem fim.
Me detive em pensar que perfeição é a mãe natureza, ao se desfazer de sua roupagem antiga, a árvore, já trás as tenras folhas verdinhas em seus galhos. Olhando para o alto vejo-as, e os raios de sol incidem sobre elas, dando-lhes ainda mais beleza, com sua luz.
Termino minha tarefa, pensando: que delícia de trabalho, todos deveriam ter a oportunidade de varrer um solo repleto de folhas secas, e observar com gratidão a perfeição que existe em toda criação. O ciclo perfeito da natureza que se cumpre em cada estação, deixa tudo harmonioso para que a vida possa continuar existindo plena no planeta.
Já estava entrando em casa, quando um canto alegre me chamou a atenção, olhei para um galho da imensa árvore, e lá estavam eles, vários bem te vis. Pensei: "esqueci as bananas e o mamão, de vocês."
E ouvi que me responderam meio zangados pelo imperdoável esquecimento. Fui rapidamente até a cozinha, e preparei a farta merenda. Coloquei no quintal na parte de trás de minha casa, e não demorou nada, eles vieram e se puseram a comer, não sem antes, ralharem comigo pelo esquecimento. Pois, hoje mais que os outros dias, fizeram muitos ruídos, e estavam alvoroçados além do normal.
Feliz, me sentei em meu quintal, a apreciá-los, e a escrever esse texto. E pensando estou, que tanta beleza e paz podemos sentir em coisas corriqueiras e simples, como caminhar, observar os pássaros, ou simplesmente varrer as folhas do jardim.