Um prego enferrujado...

Já se vão 6 decadas no jardim da vida, e lembrei que nos tempos de criança, vivia eu com um dos pés ferido por um prego enferrujado, por um caco de vidro e até mijacão. Era algo comum, enfim andava pelos quatro cantos do bairro Vila Carioca, sempre descalço. Usar “paragata roda”, era coisa de gente remediada, chinelo tipo havaiana não existia, e mesmo que usase daria no mesmo, era um frágil calçado popular. Se pisasse num prego, furava o calçado e também parte do pé com certeza.

Bairro em formação, casas de madeira pra todo lado, sempre sobrava uns cacos que continham pregos, isto porque, a madeira era usada por uma empresa importadora, o que era aproveitado era, o que não era jogava-se em qualquer lugar, tanto pelas ruas como também nos terrenos baldios.

Tendo terrenos baldios próximo de casa, era convite para as famosa peladas, isso a tarde quando já tinhamos voltado da escola primária, Rua das Municipalidades-Ipiranga-SP, nessa escola estudou também o ex-presidente “Lula”, que foi meu vizinho na Rua Albino de Moraes, 136.

Chegando em casa manquitolando por ter pisado em prego enferrujado, logo vinha o tio Brás com sua sabedoria cabocla, dizia que esquentando um arame quase em brasa, colocando bem próximo do ferimento evitaria o “tetano”. O tétano tem cura, mas é o estágio da evolução da doença que determina o tratamento eficaz. O doente, quando internado no hospital, permanece isolado em um quarto silencioso e escuro. Qualquer estímulo pode faze-lo contrair-se todo. Os medicamentos usados são soro antitetânico, antibióticos, relaxantes musculares e analgésicos, além da vacina.

Estava eu dando uma geral no quintal de casa após uma reforma no beiral, eis que o carpinteiro jogou um pedaço de lata que estava pregada no caibro para evitar goteira, não percebi que havia um prego enferrujado, e pisei... ai ai ai ai...

Foi retirado em seguida, a dor aumentou, sangue saiu que nem água numa chafariz, e vamos para o Centro de Saude mais próximo, sendo 12 horas não tinha ninguém, era hora do almoço, só poderia ser atendido às 14 horas.

A solução foi ir ao P.S., passei por um médico depois de esperar 15 minutos, mais 10 minutos de espera, me chamaram, já era outro médico. Disse ele, pode entrar, qual é o problema. Disse eu, acabei de pisar num prego enferrujado. Esse assunto só resolve no Centro de Saúde.

Retornei ao Centro de Saúde, sentei numa cadeira e fiquei esperando ser atendido, enfim a responsável chegou às 14:15, me atendeu, aplicou a vacina e fiquei mais tranquilo. Segundo o médico para evitar qualquer problema eu poderia aguardar até às 17 horas que não tinha problema com o famoso “tétano”.

Hoje todo mundo usa tenis e quando fica velho descartam em qualquer lugar, até na rede elétrica.

Tangerynus
Enviado por Tangerynus em 11/03/2011
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