A ALMA RECLAMA


 
 
            Eu e os bichos comemos o alimento farto. Só. SÓ ISSO.
            É o que estou vivendo.
            E a Alma?
            E A ALMA?

E o alimento para a alma?
Qual é?

Que, em outro dia me deu contentamento ou serenidade à alma? Que foi? Que esqueci?

Isto é a velhice?
A velhice deveria não amar os filhos? Não sentir falta da participação em minha vida velha? É isso?

Isto é tão pobre, não é?

E não sou velha que dança com outros velhos, ou que faz a hidroginástica prazerosamente e com alegria infantil, nem sou o papo do velho contando o passado e as doenças e respectivos remédios; eu não sou isto.
Eu até aceito a velhice dos setenta e a morte encerrando o ciclo, por que não tem outro jeito.

MAS A ALMA, O MEU ESPÍRITO, O MEU VIGOR, O MEU TALENTO, O MEU AMOR, O MEU CALOR, A MINHA VONTADE, onde boto isso?