“OS POEMAS SÃO PÁSSAROS QUE CHEGAM”
 

 
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mário Quintana 
 

Também tenho os meus momentos de observar os pássaros, outro dia avistei um na minha janela e fiquei a imaginar qual seria a sensação de voar, de sentir-se livre... Livre, o que me fez lembrar os versos do Drummond, que diz que o pássaro é livre na prisão do ar, enquanto a alma é livre na prisão do corpo.

 
O pássaro continuou por um tempo na janela e como não tínhamos intimidade  mostrou-se arredio quando tentei me aproximar e tocá-lo com as mãos . Tentei  também puxar “conversa,” não sei se me ouvia, se me entendia, só sei que permanecia na minha janela e tentou até uns trinados, que entendi como resposta. Em determinado momento fez menção de voar, mas não o fez de pronto, acho que estava apenas testando as suas asas para em seguida partir. Voar... E, enquanto, da minha janela eu o via sumir no ar,  eu lembrava um outro pássaro, que também desta mesma janela eu o vi partir. O que fiz foi respirar fundo, fechar a janela e esquecer um outro pássaro.
 
Foi o que fiz. Foi...?
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 






Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 10/03/2011
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