CADA LOUCO COM SUA MANIA
Desde criança sempre tive uma atração muito grande pelas coisas do espaço. Num tempo em que não havia televisão ou computador, minha distração favorita era sentar, à noite, com meu pai e meu avô, e olhar o firmamento. Ansiosamente eu procurava uma estrela cadente. As vezes uma estrela "caminhava" lentamente pelo céu e eu dizia ser o sputnik, que era como denominávamos as primeiras naves espaciais.
A medida que avançava na idade fui aprofundando conhecimentos, firmando opiniões e, hoje, essa antiga curiosidade transformou-se num interesse que associa o científico e o espiritual. Que, a primeira vista, podem parecer polos opostos mas, um olhar mais profundo, me dá a certeza que podem caminhar juntos.
O livro "Deus e a Ciência" do filósofo francês Jean Guitton, escrito em parceria com os irmãos Grichka e Igor Bogdanow, doutores em física teórica, é um dos meus livros de cabeceira. Nele o filósofo católico confronta suas opiniões com os conhecimentos da Ciência moderna. E afirma: "os novos progressos da Ciência nos permitem entrever uma aliança possível entre os saberes físicos e o conhecimento teológico, entre a Ciência e o Mistério Supremo".
O livro termina com um parágrafo fenomenal: "Faz meio século que Henri Bergson expirou. Perseguido, como todos os filósofos, pela última interrogação, murmurou uma coisa estranha - O Universo é uma máquina de fazer deuses... - Foi seu último suspiro filosófico".
Cada filósofo com sua teoria, cada louco com sua mania. No fundo, todos nós temos um pouco de filósofo e de louco...