Vida comum...
Não tenho coleção de sapatos, não tenho um guarda roupa importado, tenho um vira lata na coleira e na garagem tenho um fusca estacionado! Vivo do meu salário, que sempre acaba antes do mês, pago a água, pago a luz, do fiado sou freguês.
Eu não sou celebridade, não ponho a cara na TV. Não me atrevo, na verdade, nem no tal do BBB. No trabalho sou mais um, bato o ponto todo dia, entro cedo, saio tarde, não possuo mordomia. De casa levo marmita, que eu como requentada, muitas vezes como fria, mas pelo menos não fico com a minha barriga vazia.
No carnaval eu não ando me sacudindo por aí, passo longe da folia, longe da Sapucaí. O que me sacode é o vento, que entra pela minha janela, empoeirando meu sapatinho, que nem é de cristal feito o da Cinderela. Fico aqui no meu canto, ascendo uma vela pro Santo, quem sabe ele me enxergue e me cubra com seu manto.
No mais vou vivendo assim, neste mundo que é meu. E quem quiser gostar de mim vai ter que se acostumar. Na minha mesa tem arroz, tem feijão pra acompanhar, de mistura ovo frito e farinha pra completar. Caso o luxo seja pouco, a porta da frente está a serviço, o portão está destrancado e acabe logo com isso. Vá embora, vá com pressa que a comida está esfriando e eu tenho compromisso!