Rendição às mulheres
Rendo-me às mulheres.
Tudo começou com elas. Elas dominam o mundo há muito tempo com seu jeito inescrupuloso de subjugar demais seres inferiores como nós homens, ora como ninfas encantadoras, ora como guerreiras destemidas.
São a razão de tudo: elas são o feminino, o sinônimo da continuação: São mães – que força mais precisaria?
Notem que, os Gregos já explicavam que tudo começou no Caos – espaço aberto, a pura extensão ilimitada, o abismo sem fundo. Mas eis que de repente surge a primeira realidade sólida que seria Gaia, a Terra – uma Divindade Primordial, um ente feminino. Ela começa a dar sentido ao Caos, e o limita, dando-lhe um piso, um chão, que é a base da maravilha da vida – por extensão a natureza – também um ente feminino. Gaia, para preencher ainda um vazio existente, criou sozinha um ser semelhante capaz de cobri-la inteira, que seria o Céu estrelado - Urano. Por esse tempo rondava no Caos o poderoso Eros – Amor Universal e impunha que nenhuma força mais poderia se auto-fecundar. Assim, levada por Eros, Gaia uniu-se a Urano, seu primogênito e apaixonado amante, gerando com ele muitos e muitos filhos. É união da Terra e do Céu.
Os antigos gregos tinham uma linha de pensamento um pouco diferente do Gênesis, onde a mulher nasceu de parte do homem (Adão e Eva) e passa a ser o início do pecado, do mal, aqui ela é venerada como a mãe da ordem e da limitação do Caos e início da vida – ela é a Terra de onde origina o universo.
A mulher que gera torna-se figuração da mãe universal e a mesma divindade, por analogia de função, passa a presidir aos nascimentos da natureza toda, e é venerada como progenitora e consoladora, como Mãe Universal – Gaia, a Terra.
As mulheres guardam segredos inexpugnáveis onde até mesmo seus mais ardorosos amantes não conseguem chegar. São capazes de realizar coisas inimagináveis, que os homens buscam explorar e surpreendem-se diante do infinito de sensações ainda por serem com elas experimentadas. É esse infinito tentador motivo de adoração e submissão.
Por elas, as divindades, lutam os homens, que a defendem até a morte se preciso for. São Helenas, são Pandora, Eva, Hera, Hécate, Perséfone, Afrodite, Artemis, Circe, Cibele, Gaia, Hebe e muitas mais. São Deusas, fadas, feiticeiras, bruxas, sábias, rainhas, santas, artistas, amazonas...
Encantam qual Loreley e impiedosamente subjugam os que se aproximam causando-lhes sofrimentos através dos naufrágios.
São Walkírias em seus alados eqüinos sobre os campos de batalha, a serem alcançadas no outro lado da vida, de cujos elmos e brilhantes lanças fulgura a aurora boreal.
É... não teria fim buscar explicá-las, entendê-las ou mesmo tecer as analogias possíveis do universo...
Elas são simplesmente o poder que vai se transformando desde meninas inocentes, jovens ninfas de espontânea sensualidade descobrindo os poderes da libido e da sedução, depois mulheres amantes voluptuosas, mães e rainhas absolutas.
Como vêem, justa assim minha incondicional resignação...
Às mulheres subjugadas, mesmo no mundo moderno, escravizadas, vilipendiadas, abusadas, mortas apedrejadas ou ainda por absurdos da sociedade que a levam a competir de forma desigual, morrendo nas fábricas ou desdobrando-se nos meios corporativos atuais, por vezes perdendo seu mais esplendoroso motivo de existência, a minha velada compaixão e esperança de que um dia a convergência e o convívio normal nos levem a um mundo melhor para todos.
Às deusas do universo, um feliz Dia Internacional das Mulheres!