MULHER , DA "PEDRA FILOSOFAL" À " PEDRA FUNDAMENTAL"

Hoje, oito de Março de dois mil e onze e terça feira de Carnaval, também comemoramos o dia internacional da mulher.

E já que é dia de festa, de música , de alegoria , de fantasias, de resultados, enfim dia de arte, deixei postado por aqui um vídeo duma canção muito linda composta por Erasmo Carlos e Narinha, época em que era ela a sua "mulher- esposa".

Embora saibam que hoje somos a principal alegoria...muito distante de sermos fantasias.

Mulher é sempre realidade.

A referida composição musical é um tratado filosófico e talvez passe um tanto despercebida pela maioria que não aprecia muito os ídolos da jovem guarda, porém, sua letra sabiamente nos remete ao pensamento do significado da vida da mulher no amplo e complexo contexto atual da sociedade, desde o seu primordial desempenho no cerne da célula social chamada família, até nos demais e tão variáveis modernos campos de sua atuação no panorama social.

Pensando no que eu iria escrever, para não cair naquele comum e tão chato feminismo que não nos leva a nada, me lembrei dum relato que me fizeram já a algum tempo e que muito me impressionou, e penso que hoje é o dia ideal para eu aqui lhes reproduzir o que um dia ouvi.

Tenho um grande amigo que é responsável pela manutenção e gerenciamento dum albergue de moradores de rua, numa cidadezinha próxima da grande São Paulo.

Pelo que me disse a casa pertence a uma comunidade kardecista que tenta reabilitar socialmente as pessoas que perderam o rumo na vida.

Outro dia, quando ele me relatava os pormenores do seu trabalho , eu lhe perguntei quem seriam estas pessoas que estão na rua, quais seriam os seus perfis, suas histórias.

Estar na rua é algo que me choca. Eu não consigo entender como alguém pode viver sob determinadas condições sociais, e aqui por São Paulo a situação está incontrolável. Nunca assistimos a um cenário tão triste de abandono.

São infinitas pessoas na rua, de fato são, e se os governos não dão conta delas , se é que algum deles pensa em dar conta de alguma coisa, saibam as autoridades que a sociedade civil tem feito a sua parte, muito mais, muito além do que também despender altos impostos para os cofres públicos resolverem suas questões sociais insolúveis e desprezíveis aos olhos de muitos.

Mas vocês devem se perguntar o que um albergue teria a ver com o nosso dia , o dia internacional das mulheres.

Pois bem , eu lhes explicarei.

Disse-me este meu amigo que a grande maioria das pessoas que estão nas ruas e nos albergues são pessoas que sofreram muitas perdas, muitas dessas pessoas foram profissionais de várias áreas das ciências e tecnologia, porém o fato fundamental que marca as suas desagregações de vidas é a perda d'alguma figura feminina: mães, esposas, irmãs e filhas.

Na sua grande maiorias as histórias de vida dos homens, e mesmo das mulheres que lá estão, caminhavam equilibradas quando havia alguma mulher que os mantinham como "pilastras de vida".

A perda dessas mulheres, perdas advindas com a separação ou com a morte física delas, desestruturaram os caminhos das suas vidas perdidas.

Achei essa constatação muito forte e muito triste.

De fato, se as trouxermos para os nossos dias, perceberemos nitidamente que as mulheres são fortes pilastras da sociedade, mais que uma poderosa "pedra filosofal" de força e de vida, são pedras fundamentais de esteio emocional e social.

São mulheres de todas as idades e de todas as classes sociais que sustentam lares inteiros, muitas vezes às suas gerações múltiplas, com a sua força, com o seu trabalho, com a sua palavra, com o seu coração sempre disposto a recolher e acolher mais um.

Vivencio esta realidade todos os dias.

Mulher é um sustentáculo de força e de amor, pena que nem sempre são assim reconhecidas pelo mundo que as cerca e que delas depende.

São a essas mulheres que hoje canto e reverencio também com este meu testemunho de texto, personagens duma realidade social quase imperceptível, a de quanto a ausência do feminino danifica os tantos segmentos já desnorteados da sociedade.

Como sempre digo, não sou feminista. Reconheço que o mundo é grande demais, o suficiente para que haja espaço para todos conviverem em paz e progresso social, tendo cada umo seu importante e insubistituível papel a cumprir.

Sou apenas uma mulher que, vivendo numa sociedade moderna, consegue entender plenamente o valor do feminino no contexto do mundo que ora se nos apresenta, de tempos tão conturbados e sobrecarregados para todos, sobretudo para a mulher.

Dizem alguns que a culpa foi nossa. Eu sinceramente penso que quem assim argumenta tem olhos curtos e corações pequenos demais.

Nada mais justo que, ao menos um dia do ano, nos sejam dispensados olhares mais ternos, de real reconhecimento, de carinho e de respeito.

Parabéns a todas nós, pois a consciência que conquistamos e o próprio olhar que angariamos de nós a nós mesmas já muito nos dignificam e, deveras, merecem toda a justa comemoração...do mundo.