MULHERES

     Hoje é uma data especial. Um dia feminino, como deveria ser o simples substantivo a que pertence. Mas a norma gramatical não perdoaria essa “anomalia” de gênero. Conforta-me saber que, antes de mais tudo, a mulher não está nem atrás nem à frente do seu oposto sexo “forte”. Ela está acima, sublimando, transcendendo, originando, gerando vidas que só delas nascem. Se assim não o fosse, nem o Filho do Homem teria nascido. Porque Deus, inspirando numa mulher um sim incondicional, tornou-a indispensável à concepção do Ser perfeito, modelo acabado da espécie humana, para qual ela tornou-se “Bem Aventurada”. Mulher e mãe, de cujo ventre nasceu-lhe o Bendito Fruto. Esta é a concepção mística que se faz da mulher, de que Maria é modelo.

     As outras mulheres são outras Marias; menos agraciadas, mas sempre graciosas, repletas de outros dons que os novos tempos revelam. Daí porque já não lhes seja missão única e indispensável procriar, mas também criar, construir o mundo de que elas também são partes na divina criação. Esta evidência torna desnecessário repetir reconhecidos feitos e conquistas femininas. Mas vale lembrar que não só a vitória no trabalho, mas também, e principalmente, houve um posicionamento equitativo da mulher que, ao conquistar o poder o fez mudar para outro gênero. A minha cidadania não partidária sabe perfeitamente reconhecer valores pessoais distinguindo-os dos predicados políticos. Ver uma presidenta na televisão às 8h, descontraidamente fazendo uma omelete e dizendo da especial preferência por sopa, é algo inusitado e me leva à antítese formada pela dona de casa e a executiva, servidora pública no mais alto posto. A presidenta não teve o meu voto, mas a mulher ganhou minha simpatia, sim.

     Convencido estou de que o Dia Internacional da Mulher não é uma data feminista. É simplesmente feminina, como femininos são todos os dias para os homens que têm uma mulher ao seu lado. Mulher tem uma espécie de quintessência do ser, que de mistério, encanto e singular intuição se compõe. Amar uma mulher é apreciar-lhe os insondáveis mistérios, a imprevisível intuição. É dar-se aos seus apelos; é entendê-la perdendo-se em indefinições. Melhor identificá-la num aroma de banho, cabelos lavados, pele sedosa, pingando gotas de malícia, brilhante olhar insinuante, no instante inesperado do ousado gesto em carícia localizada, de nuca e pescoço ao mais íntimo do corpo masculino. Tudo em ritual a desfazer a gravata, desatar-lhe o nó para enlaçar-se num abraço impulsivo e dominador a quedar-se em completude sob (ou sobre) o homem amado. Depois disso nenhuma palavra supera atitudes. O corpo confirma o que a alma pensa. E disso eu concluo silenciosamente enquanto escrevo: mulher é a parte aprimorada do homem, de quem ela derivou.


Brasília-DF, 8 de março de 2011

LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 08/03/2011
Reeditado em 08/03/2011
Código do texto: T2834531
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