Mais um 8 de março.
Dia internacional da mulher, 8 de março. Essa data adquiriu um objetivo pra mim nas décadas de 80 e 90. Na minha adolescência descobri que haviam mulheres que não desejavam ser somente donas de casas, professoras e no futuro, encher a casa de crianças. Isso me fascinou. Hoje sei que ser dona de casa é uma tarefa muito difícil que requer energia, disposição e envolve valores como administração, contabilidade e relações públicas e psicologia comportamental. Quanto as professoras, a grande maioria são heroínas, trabalham muito, ganham pouco e lutam diariamente com crianças cujos pais tem apenas o tempo de ganhar seu sustento. Mas enfim, foi com essa visão que descobri o feminismo. Via minhas amigas tendo atitudes ousadas que iam contra as regras da boa etiqueta. Na época, ficava encantada com a rebelião que tentávamos dar as nossas vidas. O tempo passou, sai da universidade formada em jornalismo e com um olhar muito crítico da sociedade. Não me assumo como feminista mas tenho uma visão ampla do universo feminino. Algumas amigas feministas do passado se casaram, tem montes de filhos e relações nada saudáveis. E nesse ponto que me deparo com uma longa estrada. A evolução da mulher em termos de trabalho é inquestionável mas continuamos tendo atitudes de nossas avós e bisavós. Aprendemos que podemos ser melhores que os homens em muitos aspectos esquecemos porém que não somos homens. Não trabalhamos a nossa auto-estima, ainda trazemos na alma os valores bíblicos que nos dizem que a mulher é a causa dos pecados do mundo. Hoje temos uma presidente do Brasil, temos ministras, temos mulheres em cargos de muita responsabilidade. Mas também temos um número absurdo de agressões físicas desferidas por homens, temos descaso público, temos falta de saúde decente. Aos poucos estamos descobrindo nosso caminho. Não precisamos ser donas de casas, mães exemplares, diretoras de empresas, tudo ao mesmo tempo. Precisamos ser simplesmente Mulher. Um ser que consegue com muita coerência unir os dois hemisférios do cérebro. Não precisamos mostrar a sociedade que somos melhores que os homens. Cada ser humano tem seu papel. Precisamos mostrar ao mundo que somos capazes de amar muito. Amar a nós mesmas. Quando uma mulher se ama, ela não aceita ser menosprezada, discriminada, agredida, humilhada porque não buscará relações conturbadas. Uma mulher quando se ama transmite isso ao mundo. E é isso que nós somos, seres de beleza. A história mostra a luta, as contradições, os sofrimentos e o aprendizado que tivemos que ter para chegar até aqui – 8 de março de 2011. Somos mulheres, sou uma mulher e como me sinto bem dizendo e escrevendo isso. Somos trabalhadoras, mães, irmãs mas acima de tudo mulheres e exigimos respeito. Nosso caminho é longo, espero que nunca termine porque a cada passo há uma lição a ser aprendida e degustada.
A mulher é o ser revolucionário dos conceitos em construção. Feliz Dia 8 de março, minhas companheiras e irmãs de caminhadas.