Eu, o todo poderoso!

Eu, o todo poderoso!

Estive pensando que deve ser muito difícil conviver com uma pessoa como eu. Penso, assim, porque em certos momentos nem eu me suporto e faço até minha sombra me abandonar. É muito difícil me digerir! Há dias que acordo com o dito “ovo virado” e aí meus camaradas, nem a bomba de hidrogênio faz mais estragos que eu. Saio atirando pra tudo que é lado e tentando acertar nem sei o quê.

Gosto de ser o primeiro a chegar e o último a sair, por isso meus amigos, tenho certeza que meus dias não estão contados. Aguentem-me com a resignação que sempre tiveram, pois enquanto existir um convite para brindarmos qualquer coisa, estarei presente. Meus inimigos, não me roguem praga, pois nem o mau olhado de vocês conseguirá me fazer tropeçar pelos caminhos. Sou osso duro de roer sim, mas, e daí, não nasci pra ser idolatrado, apesar de merecer (isso é meu ego).

Às vezes, olho meu reflexo e tenho vontade de esmurrá-lo, existe, sempre, um sorriso irônico e um ar soberbo, todavia, com razão. É natural ter essa arrogância, pois quem muito abaixa, mostra o que não deve. Eu, por exemplo, não abaixo nem pra saudação e não faço questão de elogiar; os elogios foram feitos para mim e quem quiser que diga o contrário, se tiver cacife. Sou nó em pingo d’água e escondo as pontas, contudo, acho que sou até passivo demais, pois sou comedido quando, muitas vezes, teria que xingar e aí eu me calo. Mas me calo com mil palavrões na garganta e uma boa praga pra rogar.

Imponho sempre o meu gosto e se querem me impor alguma coisa, eu desdenho, pois se não sou absoluto, estou no caminho. Sou o que chamam de chato, mas jamais irei puxar o saco, nem papai Noel me atrai com o dele. Imaginem, eu pajeando alguém? Essa situação é inimaginável! Eu sou o próprio orgulho personificado, por isso, meus inimigos peçam arrego, jamais irão me derrotar, ou juntem-se a mim e sigam o que eu dito. Meus amigos, continuem me admirando, pois como dizia Raul Seixas: “eu sou ego, eu sou ista, eu sou egoísta. Por que não, por que não, por que não, por que não...?”

MÁRIO SÍLVIO PATERNOSTRO