Devaneios sobre o amor
Somos todos contadores de histórias. Todos os dias escrevemos com nossos passos inúmeras palavras nas páginas de nossa vida. Muitas vezes palavras são acompanhadas de suor e sangue, outrora de risos e glórias. O que muitos se esqueceram de esclarecer é que as palavras escritas com a vida são efêmeras, diferentemente daquelas que se escrevem com uma caneta de pena, essas são eternas. E aí, não confunda efemeridade com alta capacidade de esquecer, pelo contrário. Apenas estou dizendo que elas não têm assim tanto valor para outra pessoa que não seja você, quem escreve a história.
As estradas radiais que percorremos durante nossa crônica da vida, entretanto, cruzam-se com outras inúmeras outras estradas. Em algum desses cruzamentos, aonde eu também peço que você não se engane, pois será apenas uma vez em um único cruzamento, encontramos uma vida que nos será tão especial quanto a nossa própria. É neste ponto que caímos na realidade de que o amor, aquele que é verdadeiro, é amargo e não cheira a ópio... Na verdade, cheira a realidade.
O amor em si é como um vidro embaçado aonde só se vêem vultos, e esses vultos são a realidade e a verdade absoluta de quem ama. Talvez todos aqueles que Platão prendeu em sua caverna nada mais fossem do que seres apaixonados, o amor cega mais do que a ignorância. Ao fim desse texto que confesso não saber aonde vai chegar, sei que meia dúzia de amigos virão me perguntando se eu estou apaixonada, ou mesmo desiludida... Então aqui vai sua resposta, muito antes que me pergunte: Minhas frases sempre apaixonadas não são nada mais que uma apreciação do efeito que essas frases causam sobre as pessoas, e nunca deixarão de ser. Escreve-se amor e lê-se amor porque ele é o mal do século, e porque sem ele o que seriam dos Best-sellers que a grande massa de pessoas iludidas consomem com fonte, e muitas vezes única fonte, de leitura literária?
Eis que há muito tempo não amo, talvez essa falta de mentira tenha deixado essas palavras tão duras enquanto releio o texto. Até confesso que talvez estive procurando, implicitamente, uma ilusão. Mas se for uma ilusão, no mínimo que seja regada por uma boa música, por trechos e frases de livros que nos marcaram, por filmes e teorias bobas discutidas e por coisas que nos façam ver que toda a farsa está valendo à pena.