SOBRE A SOLIDÃO DE ESTAR SÓ


     Afinal de contas o que é solidão? Será o mesmo que estar só? Será tão ruim assim? Estar só não significa estar em solidão, mas o contrário sim, portanto, a recíproca não é verdadeira. Em todo caso, não quero aqui discutir sobre a verdade de presenças ou ausências, mas o que ela pode nos omitir neste caso! Estar só, é um momento único, onde podemos desenhar nossos pensamentos numa projeção fabulosa, falar com nossos botões, mergulharmos dentro de nós próprios, cristalinamente um ato subjetivo. Estar só passa a ser um certo ter! Ter a capacidade de parar para pensar que existimos, muito além de nós mesmos, e dentro deste contexto, conseguirmos partilhar com o mundo o nosso mundo, neste submundo acima do poder ser, simplesmente porque já somos. Existimos e isso é o que verdadeiramente importa.
     Estar na solidão é ser cruel com a própria alma! É deixar-se levar pela maré de vazante. Isto não nos faz mais feliz nem tão pouco infelizes, apenas prolonga o sofrimento que recusamos acabar com ele dentro de nós. Solidão por sí só já rima com escuridão! Esta ausência de luz, este mergulho nas sombras da mente mexe e remexe com a gente. É um estado de espírito sem vantagem nenhuma para a nossa felicidade. É um deixar-se abater já estando abatido.
     Se faz necessário estarmos só para sairmos dessa situação incômoda e retrógrada. Estar só, não significa estar abandonado, Pelo contrário, estamos na melhor companhia, nós mesmos! Somos anjos de asas límpidas, cristalinas a nos impulsionar pelos céus do discernimento. Sobre a solidão de estar só, é apenas uma questão de tempo, sem relógio, sem ampulheta, mas marcado pelos giros que nosso coração é capaz de realizar. Somente o amor preenche todos os vazios! Inteiramente...
Ricardo Mascarenhas
Enviado por Ricardo Mascarenhas em 05/03/2011
Reeditado em 22/10/2020
Código do texto: T2831007
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