A Byron, outra vez

A BYRON, OUTRA VEZ

(crônica publicada no jornal "Diário Catarinense" de 09.02.11)

A propósito de Byron Barcellos, o amigo e escritor João Carlos Mosimann vem por "e-mail" em nosso socorro, suprindo a ignorância deste cronista. Ele diz que "o Byron era engenheiro recém-formado, solteiro, de família tradicional de Florianópolis, que morreu prematuramente (aos 24 ou 25 anos) de doenças naturais. Foi meu aluno na UFSC. Pelo que consta, era muito benquisto entre os colegas e amigos; daí, talvez, decorra a homenagem" de tomarem seu nome para batizar a rua de duas quadras no Santa Mônica.

Pois na Byron Barcellos, a rua, tem gente que não para nem nos finais de semana. E não se trata apenas do pessoal da Bernúncia Editora. A turma que monta "outdoors" não descansa, como demonstrou no último sábado. Aliás, descansa apenas por volta do meio-dia. Pela manhã, ergueu a estrutura do quinto painel de propaganda, colado aos outros quatro levantados uma semana antes - justo no sábado. À tarde, ceifou um pouco mais o "mato" de parte do que resta do manguezal entregue aos cuidados da Universidade Federal, ampliando o trabalho do sábado anterior. Se ainda houvesse bugres por ali, certamente aproveitaria para também fazer uma limpa.

Antes do almoço, quatro ou cinco homens estacionam o caminhão grande, que leva as ferramentas de trabalho e peças estruturais dos painéis, junto ao local em que costumam se encontrar os jacarés da região, já dentro do triângulo de mangue formado pela Rua Joe Collaço, por onde entra o veículo cruzando uma rústica porteira de arame farpado e seguindo a trilha recente deixada pelas máquinas de dragagem, por um córrego que sai no Rio do Sertão e pelo córrego paralelo à Byron. Ali, divertem-se atiçando com varas compridas e torrões de barro um jacaré adulto que lagarteava na foz do regato.

Aquele triângulo é a área em que um grupo privado chegou a anunciar a construção de enorme hospital, empreendimento depois embargado por decisão liminar da Vara Ambiental Federal em ação de 2007 por ferir o Plano Diretor Municipal de 1997 - o qual, nada impede, poderá de uma hora para outra ser alterado ao bel-prazer de interesses imobiliários, empresariais e/ou de autoridades do Executivo municipal e/ou estadual, como tem ocorrido na Ilha, no Estado e em boa parte do Brasil.

O terreno, agora, está pronto para receber novas propagandas de maquiagens e cremes de beleza. Com certeza, no próximo sábado. Espiem só.

--

-----

Amilcar Neves é escritor com oito livros de ficção publicados, diversos outros ainda inéditos, participação em 32 coletâneas e 44 premiações em concursos literários no Brasil e no exterior.

==> Em breve, "Se Te Castigo É Só Porque Eu Te Amo" (teatro) chegará às prateleiras das livrarias.