Dia

Acordo.

Leio o jornal e lancho.

Já cumpri minha cota diária de tragédias e calorias.

Vou trabalhar.

Ônibus lotado:

um vislumbre do purgatório.

Trabalho.

Trabalho, trabalho, trabalho.

O café me impede de se tornar um zumbi.

Computadores, papéis, fofocas... não adianta!

Vou deixar meu cérebro no piloto automático.

Chega a hora esperada: a saída.

Ônibus lotado, pra variar.

A casa vazia, meu amor, me espera.

Mas se vinga por ter passado antes no bar:

acaba a luz.

O jantar vai ser comido frio, pelo jeito.

É bom para a anestesiar a fome.

Banho frio, hmm...

Estou quase no sétimo sono.

Do banheiro á cama, sonambulo.

O corredor nunca pareceu tão longo.

O banquinho na frente do meu caminho, no qual bati meu pé, acaba com o momento zen.

Mas não tem problema, é só mandar ele pra puta-que-pariu umas cinco vezes.

Aí, aí está a cama, me chamando para um longo abraço.

O que posso fazer? Recursar o pedido de uma dama?

Durmo.