A Morte das Baleias.
Frequentemente, me deparo com a mesma notícia nos jornais da telinha, semelhante evento, não obstante em locais distantes.
Nas praias de Recife, Cuba, Índia, Costa do Marfim ou Califórnia, baleias encalhadas nas praias, estão morrendo às centenas. Este mistério, me preocupa pois não consigo julga-lo natural. Porque então o fazem, encalhando nas areias para morrer? Sem respostas, os cientistas oceanográficos, pesquisadores da vida marinha, quebram cabeças, e apenas formulam teorias. Entre tantas, vale aqui citar algumas: Escassez de alimentos, aquecimento global, poluição dos mares, erupções solares e até o deslocamento do eixo do planeta.
As baleias, são um curioso e atraente exemplo diferenciado na Evolução das espécies. Misto de peixe e mamífero, de porte jurássico e inteligência privilegiada entre os animais, seu futuro é incerto assim como seu passado foi inglório. Caçadas impiedosamente durante séculos, vítimas da cobiça e do ganho de centenas de pescadores, eram transformadas em alimentos, em velas e outros produtos, grande parte dizimadas e algumas espécies em tempos atuais, à beira da extinção.
Seria então uma forma de protesto suicida ou o fim de um ciclo vital? E, o mistério continua: Por que as baleias se dirigem às praias, e morrem encalhadas?
Um noite dessas, eu sonhei que era um peixe. Uma sardinha pra ser mais exato. Por opção, afim de descobrir alguns mistérios do mar, julguei-me capaz de navegar sozinha e abandonei meu cardume. Na minha cabeça de peixe,não pensava em virar sopa, mas, procurava respostas às minhas poucas dúvidas piscianas, antes de ser engolida ou quem sabe ver meu último passo e grande desejo de junto as de minha espécie, sepultadas em uma minúscula lata à disposição dos humanos numa prateleira de um supermercado de periferia. No meu sonho, (o meu sonho era virar sardinha em lata, dourada, ao molho de tomate ou com um pouco de sorte ao azeite português).
Durante dias, nadei sem leme em águas escuras e sequer ví algum peixe para conversar. De súbito, assustei-me com um rumor de uma vaga levantando-se em mar calmo. Era uma jubarte, também solitária e imensa. Pelo aspecto de suas caldas, parecia saudável, mas não era muito jóvem.
Mesmo temendo, dirigi-me a ela cordialmente e com o devido respeito aproximei-me do seu focinho adunco com narinas vibrantes.
Então, como não fui engolida, perguntei-lhe: -Aonde vais? Então, ela me respondeu com voz profunda: - Vou a praia ! Que bom, murmurei, pensando como um humano: Ir à praia também é bom...
Então, ela afastou-se e não disse mais nada, apenas acenou-me com o rabo e desapareceu. Minutos depois, visualizei uma trilha de espumas brancas rumo oeste. Sem dúvidas, as praias estavam a oeste dali. Quando me dei conta, percebi que a minha direita nadavam mais duas baleias e depois mais duas, sempre rumo às praias a oeste.
Foi então,que meu sonho foi-me desfeito pelo som de uma gaivota faminta.
Álvaro Francisco Frazão