Tempos Modernos
Estranhos esses novos tempos; mais próximos de quem vive do outro lado do planeta, estamos cada vez mais distantes de quem convive o nosso dia a dia. A internet e o celular, nos emprestam uma fantástica acessibilidade, no entanto, nunca estivemos tão inacessíveis às necessidades alheias.
A TV segue de forma competente em seu propósito de informar desinformando. Massifica costumes transgênicos, artificialmente modificados, para atender aos interesses do mercado e outros inconfessáveis interesses. No contra-ponto às campanhas contra a mistura de álcool e direção, repetem exaustivamente os “mantras” das cervejarias.
A mulher, que protagonizou tantas lutas por seus direitos, é coisificada em arremedos de música, que hora lhe trata de “cachorra”, hora a reduz ao “bundismo” nacional. Além de atentar contra a dignidade feminina, tais aberrações atentam contra os ouvidos minimamente inteligentes, tratam seus incautos ouvintes, como fossas sonoras onde despejam suas dejeções rítmicas.
Na política, esquerda e direita nunca se fizeram tão próximas, compõem a mesma lama que transborda no esgoto da politicagem.
O egoísmo e a superficialidade guiam as relações dos “ficantes”, que “ficam” com todos (as) e não ficam com ninguém. Subvertem o sentimento ao cio, animalizam as emoções, apequenam o ser, transformado em reles objeto de um prazer meramente instintivo.
As religiões proliferam aos borbotões, mas o ser humano, se distancia mais e mais de Deus, a fé virou mercadoria rentável e o “capital de giro” de algumas igrejas (?) se tornou mais importante do que a verdade. Deliberadamente fanatizados, desavisados crentes, patrocinam impérios nada Cristãos. Assim, enquanto alguns são espoliados “em nome de Deus”, outros “customizam” teologias para adequar a divindade aos seus propósitos. As religiões sérias vão perdendo espaço para essas teratologias e o materialismo ganha corpo, nivelando o ser ao ter.
A banalização da violência, anestesia nossa indignação ante um cadáver exposto em via pública, a morte se tornou comum, um corpo no chão, não é algo insólito, a morte entra de forma perversa e descabida em nosso cotidiano. Os marginais andam livres pelas ruas, o cidadão sobrevive temeroso e sobressaltado em “prisão domiciliar” na sua casa gradeada. Projetos sociais se avolumam, mas o abismo entre pobres e ricos, se aprofunda e enlarguece de forma desumana.
Nunca gritou tão alto o discurso ecológico, mas a Terra definha ao sabor das vontades do “todo poderoso” interesse financeiro, como uma verdadeira praga, a humanidade “canibaliza” os recursos naturais e de forma suicida, escreve o necrológio da civilização.
Muito estranhos esses novos tempos...
Antonio Pereira (Apon)
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