O PÉ DE JASMIM

Na casa onde eu morei por mais de dez anos na Rua Rui Barbosa, na minha terra natal,Santa Maria da Vitória, havia um lindo pé de jasmim, bem à frente do nosso jardim. Ele não era uma árvore ereta. O seu tronco era meio cheio de curvas onde normalmente sentávamos nele ou em seus diversos galhos.

O pé de jasmim produzia flores brancas e cheirosas durante o ano inteiro, não importando se era na estação das flores, estação dos frutos, do frio ou do calor, ele estava sempre florido e perfumado.

Quando alguém morria na cidade a nossa casa era primeira a ser procurada pelas pessoas para pedirem flores, o enfeite natural dos caixões, que eram fabricados com armações de madeiras e cobertos de pano.

Muitas vezes, à sombra do velho pé de jasmim, os garotos jogavam bolas de gude, rodavam peões ou disputando fincas, brincavam de figurinhas e, de vez em quando até saia algum arranca rabo, mas nada de grave nas brigas; Às vezes eram as garotas brincando de jogar malhas; às vezes eram pessoas aguardando o Badeco(Empresa de ônibus ) para embarcarem para a cidade de Correntina e cercanias, Brasilia e Goiânia; Às vezes eram pessoas que paravam apenas para um descanso e um ligeiro bate papo; Às vezes eram os estudantes proseando antes do início das aulas ou nos intervalos entre uma aula e outra.

Em um certo dia alguém resolveu construir uma calçada de cimento em frente da casa e do jardim, decretando com isso a execução do velho pé de jasmim, que eu conhecia e desfrutava das suas sombras, desde os meus cinco anos de idade, quando retornei de São Paulo. A execução significava o corte do pé de jasmim. Mas, se bem o quisessem, ele poderia continuar a enfeitar e dar sombras e flores cheirosas, mesmo com a construção da calçada de cimento, todavia faltou a sensibilidade à época.

Quando o pé de jasmim estava começando a ser cortado, um jovem moço que estava indo para o seu trabalho, chegou perto do Zé de Prasíbulo(o pedreiro contratado para a obra e o corte) e perguntou a ele se o pé de jasmim realmente seria cortado. E diante da afirmação do pedreiro, o jovem moço, com os olhos marejados, deu uma olhada de pesar para o pé de jasmim, deixando bem claro que aquela olhada seria a última e disse emocionado: ADEUS PÉ DE JASMIM, e seguiu a sua caminhada. O pé de jasmim finalmente foi cortado sem nenhum pedido de clemência para para que ele continuasse a produzir flores e sombra.

Hoje, analisando através da memória, chego à conclusão de que foi a primeira vez e a última em que eu vi uma pessoa expressar tamanho pesar por um corte de uma simples árvore. Simples para mim naquele momento mas com muita importância hoje na minha memória afetiva. E que, para aquele jovem moço, o pé de jasmim certamente tinha um valor sentimental muito grande,e que só ele mesmo poderá revelar. Hoje aquele velho pé de jasmim passou a ter uma importância muito grande nas minhas recordações porque sinto muitas saudades dos muitos momentos da minha infância e adolescência, em que me deliciei brincando sob a égide de suas sombras e o perfume da suas flores brancas.Não gostava muito quando tinha que varrer as suas folhas e restos de flores que às vezes sujavam a calçada de pedras e barro.

O nome do Jovem moço é Tércio. O apelido (Tutes) de infância perdura até os dias de hoje como é conhecido por todos. O jovem moço daquela época já está um moço mais velho hoje e, que, neste início de março de2011, juntamente com sua filha Claudia (Claudinha) assoprará mais uma velinha ou seja, completará mais uma primavera na sua vida.

A Tutes e Claudinha, pai e filha, desejo um feliz aniversário e que esta data continue perdurando por muitos anos e, que as estações, amor, felicidade, prosperidade e saúde, estejam sempre presentes em suas vidas, e que seus jardins continuem sempre dando flores enfeitando as suas existências e a existência das pessoas queridas.

TUTES E CLAUDINHA PARABÉNS PELO ANIVERSÁRIO DE VOCÊS – MUITA PAZ E MUITA SAÚDE – E MUITAS PERNAS PARA CORREREM ATRÁS DOS SEUS OBJETIVOS.

ABRAÇOS.