ATITUDE CRUEL
Dia destes, fiz uma crônica sobre os quero-queros que voam pelos gramados de campos de futebol e, muitas vezes, os holofotes se acendem e eles próprios não entendem porque os humanos lhes retiram a singeleza e a paz do lar que escolheram para construir família. Assim, aturdidos com o número insano de pessoas e de gente correndo pelo tapete verde, acabam usando a única arma que conhecem que é realizar vôos rasantes, na tentativa vã de afugentar os pseudos predadores.
Entretanto, não é dos quero-queros que quero falar, afinal, com eles ninguém invoca, haja vista que as pessoas civilizadas reconhecem que os bichinhos estão ficando sem espaço no seu habitat natural, por isso acabam escolhendo lugares inóspitos para sua morada. Falo sim, é da maldade humana que o Brasil inteiro visualizou, quando um troglodita do mundo da bola, vendo uma coruja atordoada pelo rumor da platéia, em um estádio de futebol, fez um vôo desconcertante e incerto, indo ao chão como um arremesso de um pião. Afinal, dito bichinho não estava acostumada a ver tantas luzes, em expressivo horário noturno.
Foi lastimável ver que um zagueirão, daqueles acostumados a bater nas pernas dos atacantes, sem nenhuma pena, vendo a ave desavisada espalhar-se ao chão, com as asas em desalinho, deu-lhe um violento chute que a arremessou por longos metros, caindo desfalecida pelo impacto da violência.
O mundo civilizado se compadeceu do sacrifício daquela pobre ave. Todos mantinham um sentimento de penúria, diante de tamanha covardia daquele leão indomável chamado homem. A ave foi parar em local apropriado para tratamento, sendo certo que pessoas de bem a trataram com carinho, tentando dar-lhe algum alento de vida, afinal, não são todos os seres humanos que só tem a fúria como arma para suas aflições.
Soube na data de ontem que o pobre bichinho não resistiu e foi levada para as nuvens onde pode apreciar com maior sofreguidão a aspereza da tribo global. Ficou apenas a sensação que ainda existem homens cruéis, pois, não bastasse esse exemplo brutal vivenciado ao vivo e a cores, estamos observando os inúmeros casos de violência que ainda perambulam no cotidiano das pessoas, num cenário de truculência que beira à loucura.
É hora das pessoas repensarem nos seus momentos de fúria. Quem não consegue controlar seus impulsos é porque cede aos desatinos, por influência de uma alma doentia e perversa. Vamos fazer desta humanidade algo mais suave e mais singelo, percebendo que o mundo poderá ser doce, quando também tivermos capacidade para adoçamos nossos gestos.