ADÃO TUPINIQUIM

     Parodiando Rousseau: o índio nasce bom, o homem branco o corrompe. Corrompe-lhe as “vergonhas” do corpo e da alma. A pureza e a inocência só restaram na poesia de Gonçalves Dias e na ficção romântica de José de Alencar. É desses índios de que o Brasil tem saudade e eu os admiro nos livros.

     Hoje há muitos “caciques” engravatados chefiando a FUNAI e ONGs, mas todos só visando ascensão política. Aqui em Brasília, em frente ao Memorial JK, construíram o Museu do Índio, que custou uma fortuna e está entregue ao ostracismo.

    Quando eu cursava a universidade passava diariamente por uma quadra na Asa Sul, onde várias casas alugadas acomodavam índios. Todos calçando tênis, vestidos em calça jeans, fumando cigarros com filtro, bebendo, sentados nos bancos de uma praça, enfim, na ociosidade urbana. Tudo por conta do governo.

     Reporto-me à Iracema, a “virgem dos lábios de mel”, cujas “vergonhas” e inocência foram vilipendiadas. E não só ela, mas centenas de outras índias igualmente comidas pelos brancos portugueses, franceses, holandeses e outros gringos. O índio Peri também não escapou. Com suas “vergonhas” à mostra, tornou-se o irresistível Adão tupiniquim. O cara comeu muitas portuguesas, francesas, holandesas e brasileiras também.

  Desse bacanal/canibal em que negros e negras também comeram e foram comidos, resultou a miscigenação formadora da Nação Brasileira, que se distingue tanto quanto me orgulha.




Tânia,

     Gostei e me empolguei tanto com o seu texto, que meu comentário ficaria muito longo em sua página. Então, resolvi fazê-lo aqui em forma de crônica.  É pra você e todos mais leitores.

Abraço.

LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 03/03/2011
Reeditado em 01/11/2011
Código do texto: T2826096
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