O mundo não vai acabar

Acho que estou ficando velho... Tenho uma leve impressão. Tudo bem que os anos continuam passando, exatamente como antes... Ou será que agora o tempo passa mais rápido? É provável. Porque quando a gente é criança, seguramente o relógio anda mais devagar.

Mas digo que estou ficando velho porque me sinto mais maduro. Não que todas as pessoas maduras sejam velhas. E maturidade também não tem muito ver com idade. Tem pessoas com bem mais de 18 anos que são eternas crianças e outros que já nasceram idosos.

Alguns ainda, lamentavelmente, confundem as fases da vida em que então. Aproveitam demais quando deveriam se esforçar um pouco mais, ou são muito sérios quando deveriam ser mais light. É duro viver descompassado com o tempo. Falo por experiência própria. Nem sempre é de propósito.

Minha mãe mesma diz: “não fez isso quando era adolescente e faz agora, que tem mais de trinta.” Antes tarde do que nunca. Tenho mais de trinta mais ainda não morri. Dá tempo de muita coisa. Na época da minha adolescência, eu não tinha dinheiro, tempo, companhia ou clima pra muita coisa. Hoje mesmo sem dinheiro, tempo, companhia ou clima, faço tudo que tenho vontade. Hoje “tô de boa pra tudo”. Outro indício de maturidade.

Porque quando a gente é muito novo, a gente é inseguro, tem medo e receio de tudo. Bom, de fato, nem todo mundo é assim. Tem gente que já nasce cara-de-pau mesmo, um sem-vergonha nato. Mas eu não. Nasci quietinho e tímido. Aí fui mudando com o tempo...

Antigamente, eu me desesperava por qualquer coisa. Preocupação excessiva, sofrimento por antecipação. O passar dos anos nos mostra e confirma que “não adianta se apavorar”, como sempre diz meu pai, que é também o “pai da paciência”. De fato, de tanto vermos situações assustadoras que no final sempre dão certo, a gente aprende a não esquentar tanto a toa.

Com o tempo, a gente entende que o mundo não vai acabar, como parecia antes. A gente vê que tudo tem remédio ou alternativa. Que nenhum sofrimento é eterno. Que não importa tanto o que os outros pensem ou falem da gente. E que se vivermos em função de outras pessoas e dos seus comentários, nossa vida será muito pior.

Sendo assim, com a maturidade, a gente relaxa mais. Não no sentido de falta de capricho. Mas na tranquilidade e confiança em relação à vida. Também não disse “acomodado”. Porque é preciso sempre avançar. Mas é muito melhor avançar convicto, um passo de cada vez, do que tresloucadamente temendo o futuro.

Afinal, o futuro é um “presente” que vai chegar. É preciso estar preparado para recebê-lo. Se estivermos ocupados com sentimentos ruins, ele passará por nós sem que o desfrutemos conforme devemos e merecemos.

PS: tudo bem, vai, meus amigos devem estar pensando “ele fala como se fosse o cara mais despreocupado do mundo...”. Sei que não. Mas já fui mais apavorado. Ainda hoje perco sim o controle com algumas coisas... mas quem vai atirar a primeira pedra? E escrever textos assim ajudam (a mim e a quem os lê), a ficar mais “de boa com a vida”.

(Catalão, 01/03/2011)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 02/03/2011
Reeditado em 02/03/2011
Código do texto: T2825192
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