Verdadeiramente ser



 
“Amar ao próximo como a si mesmo”, mesmo não sendo cristão a entendo como uma ótima máxima.
 
Vivo em um país de maioria cristã. A maioria absoluta de nossa população se diz cristã, se diz crente em um deus maior e se orgulha de sua justiça humana. O engraçado para mim, é que não visualizo entre nós, pelo menos quando tomo a maioria por escopo, a máxima anterior de amar ao próximo como a si mesmo.
 
Daí decorre para mim:
·         Ou não nos amamos
·         Ou não sabemos o que é verdadeiramente o próximo e entendemos estes como os meus ou os que mais gosto
·         Ou brincamos de ser cristãos
·         Ou temos medo de nos assumir verdadeiramente não cristãos
·         Ou não sabemos o que possa ser amar
·         Ou talvez nos definamos como cristãos tentando enganar a nós mesmo, buscando nos esconder por traz desta mascara buscando evitar que descubram como somos verdadeiramente egoístas.
·         Ou temos medo de ser punido, dissimulando-nos como cristãos, como se acreditássemos realmente em um deus maior, para obtermos vantagens sociais ou colecionar bônus para o futuro, evitando possíveis punições
·         Ou por variações destas ou mesmo por mistura destas
 
O que esta multidão esquece é que se por acaso deus existir, ele com sua possível onisciência saberá o quanto mentirosos e falsos somos.
 
Como posso acreditar em um deus, dizer que sigo uma filosofia cristã e continuar levando uma vida egoísta e vaidosa, esquecendo do significado maior da vida, da palavra comunidade e do sentido de dignidade humana. Talvez seja porque eu sempre poderei pedir perdão e recomeçar, infinitas vezes... Até seria bom se fosse tão simples assim...
 
Tenho certa paz por ser ateu e poder direcionar, por escolha própria, a energia de minha vida na busca diária, física e intelectual, por ações ou por meus textos, da dignificação humana, sem ser movido por nenhuma outra razão que não seja a única que me faz sentido: dignificar a vida, que é única e premente, posto que a vivemos uma única vez, na eternidade de nosso presente.


Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 02/03/2011
Reeditado em 02/03/2011
Código do texto: T2824650
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