Comerciais na Byron

COMERCIAIS NA BYRON

(crônica publicada no jornal "Diário Catarinense" de 02.02.11)

Existe no Santa Mônica uma rua chamada Byron Barcellos. Não sei quem é o homenageado que, com toda certeza, mereceu ser lembrado pela posteridade ao ceder seu nome para aquela via pública. Também não fui buscar informações sobre ele na Internet via Google ou Wikipedia, por exemplo. Sei da rua.

Sei que na Byron Barcellos, uma ruazinha de apenas duas pequenas quadras, mora gente muito amiga, como o Vinícius Alves e a Teresa Collares. Hoje a Byron margeia um córrego que, vindo do Jardim Anchieta, passa pelos fundos do Parque Ecológico Córrego Grande e faz a divisa entre os bairros Santa Mônica e Córrego Grande. Hoje, porque antes do enorme centro comercial próximo ela era uma bucólica rua de menos de meia quadra que terminava sem saída para não avançar sobre dito córrego. Tinha espaço até para uma pracinha com mesas de cimento para xadrez, damas e dominó, a qual por enquanto ainda se mantém de pé.

Com a implantação daquele grande centro de compras, o trânsito mudou radicalmente e então espicharam a Byron Barcellos, curvando-a para a direita, para acompanhar o córrego, e fazendo-a desembocar na Avenida Beira-Mar, que ali é Beira-Mangue. O centro comercial está dentro do mangue, o Santa Mônica também.

O córrego, por sua vez, deságua no Rio do Sertão, por onde circulam inúmeras tartarugas e que, ali, é (ou está) paralelo à Beira-Mar. Essa foz é exatamente um importante ponto de encontro de jacarés-de-papo-amarelo, nativos da região. Pessoalmente já contei naquele local, antes da pontezinha da Byron e antes do centro de compras, nove jacarés simultaneamente. Ver quatro deles, hoje, é muito. E é difícil.

A Byron Barcellos virou entrada obrigatória do Santa Mônica para quem chega do Centro e caminho opcional para a Lagoa da Conceição. Um excelente ponto de visualização, portanto. Logo, lugar ideal para a instalação de tantos painéis de propaganda quantos possíveis. E foi o que fizeram no sábado dois enormes caminhões e um pequeno batalhão de homens que cavavam, serravam, pregavam e colavam. E lá nasceram quatro "outdoors", dois de uma rádio, dois de sapatos, montados em diagonal com relação à rua para melhor serem apreciados.

Só que, desgraçadamente, a vegetação nativa atrapalhava a visão dos passantes, o que obrigou a que todos os arbustos inconvenientes, mangue adentro, à margem do córrego, fossem logo devidamente ceifados.

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Amilcar Neves é escritor com oito livros de ficção publicados, diversos outros ainda inéditos, participação em 32 coletâneas e 44 premiações em concursos literários no Brasil e no exterior.

==> Em breve, "Se Te Castigo É Só Porque Eu Te Amo" (teatro) chegará às prateleiras das livrarias.