ONEOMANIA - VOCÊ TEM?
ONEOMANIA. VOCÊ TEM?
As compulsões são mais visíveis hoje em dia, até porque as ofertas, os convites, os apelos são contínuos. Falo em relação às bebidas, aos objetos (quanto ao cigarro diminuiu bastante e o que antes era glamour, hoje já se fala em cafonice, irresponsabilidade, ignorância) em que se é bombardeado o tempo todo para o consumo.
Os shoppings são tentações e, se for época de liquidação, fica difícil resistir. As facilidades são inúmeras para as compras e os cartões de crédito estimulam, constantemente, o endividamento. Tenho uma amiga que fala: "Dividindo está tudo bem!" O problema maior é quando as dívidas comprometem a maior parte do salário, por conta dos juros serem exorbitantes (são os mais altos no mundo). Entrar no cheque especial é uma espécie de "suicídio" financeiro (embora os juros sejam um pouco menor que os do cartão) e gera uma "bola de neve" porque, mesmo pagando o mínimo do total, os acréscimos na próxima fatura indicam dor de cabeça para sanar o compromisso com o pagamento.
Há toda uma propaganda para se consumir mais e mais, pois assim sobrevivem o comércio e a lógica do capitalismo. As mensagens são subliminares e contagiantes para qualquer idade. Dizem até que os filhos influenciam o tipo de carro e outros bens que os pais devem comprar; muitas propagandas são mais direcionadas, neste caso, aos jovens. As crianças não ficam atrás, querem tudo que a televisão apresenta de brinquedos. É quase incontrolável a vontade de consumir, pulsando o desejo na mente e só aliviando após a consumação do ato.
Todos sabem que os excessos, as compulsões, ultrapassam a linha da normalidade. Há uma falta que se tenta tamponar, anestesiar, minorar.
Como consequência da falta que todo ser humano possui, só que em alguns é controlável, já em outros usam do expediente de beber demais, comer exageradamente e consumir bens que são desnecessários. Conheci alguém que perguntava: "Para que tantos pares de sapatos se só temos dois pés?" A força da moda, o contágio de consumo para se sentir igual ao grupo de pares, as facilidades em obter o produto, tudo vai concorrendo para sofrer de oneomania .
Há uma proliferação grande de bares, restaurantes e, culturalmente, congratula-se ao redor de uma mesa, resolvendo-se questões de negócios, aniversários; na maioria das vezes, a bebida e a comida são convidativos para extrapolar a cota diária de calorias. Lá vem mais consumo. Depois dá um remorso, mas está feito, até surgirem mais convites que não tardam.
Voltando à oneomania, que é a compulsão, desejo impulsivo, por compras. Compra-se apenas pelo prazer momentâneo em adquirir o objeto e, muitas vezes, ao chegar em casa, nem se estusiasma pelo que foi comprado, porque o desejo estava no desejo e não no objeto. Tem-se até consciência do exagero no ato de comprar, mas diante de outra oferta, repete-se o comportamento. Tudo fruto de uma ansiedade descontrolada, ou uma tensão sentida, podendo, também, ser uma fase maníaca que se está atravessando.
Estima-se que de 2 a 8% da população mundial sofra de oneomania. O problema já é tão sério e tão comum que, em algumas cidades maiores, no Brasil, já se formou, desde 1977, o primeiro grupo de "Devedores Anônimos". Creio que funcione nos moldes dos "Alcoólicos Anônimos, "Vigilantes do Peso", "Doentes de Amor" e outros. Louvável as pessoas que já foram compulsivas e se dispõem a trabalhar em prol de quem necessita de ajuda.
Já li algo como regras que as pessoas compulsivas quando estão em acompanhamento psicológico devem seguir, como evitar sair para passear em lojas, em shoppings e indo, não levar cartões de crédito, usar uma sacola para ocupar as mãos, enfim , tudo é válido quando a atitude compulsiva prejudica o bem viver.