Rio Andarilho

Já não se anda tão lento, aqui.

como antigamente.

Mas...

Se anda ,ainda,

em volta da Lagoa Rodrigo de Freitas,

em companhia dos pedalinhos

subindo as Paineiras ,

para manter a forma e ver o verde ,

escutando o canto dos pássaros,

e chegando lá, sem fôlego, parar para ver a vista,

e se refrescar nas águas geladas das cachoeiras.

Se anda , para se embrenhar na maior floresta urbana do planeta, a Floresta da Tijuca.

Se anda na praia sob o escaldante sol carioca,

naqueles dias em que ,

como se diz aqui,

"dá para fritar ovo no asfalto".

Se anda subindo , junto com os turistas,

a maior favela da América latina,

Rocinha,

carregando a lata d’água na cabeça,

para lavar a roupa da madame que mora logo ali pertinho em São Conrado.

Mas quem cansado fica pode ir de bondinho ao Pão de Açúcar ,

e de lá ver a cidade e depois dar uma volta no forte da Urca.

Ou, andando , andando pela Cinelândia, se pode depois pegar o bondinho ,

nos Arcos da Lapa,

e ir a Santa Tereza,

morro de "bicho grilo."

Se preferir pode andar para ver o por do sol na Barra da Tijuca e

parar no quiosque para beber água de coco,

e assim guardar energia para andar no maior Shopim da America Latina,

para fazer compras.

Se anda correndo para pegar o trem da Central do Brasil ,que já foi filme,

e até se corre sem precisar,para estação do metrô,

de preferência no Largo da Carioca,

para ver se tem show por lá, ou pelo menos escutar o sax, de graça.

Se anda a passos largos pelo Passo Imperial,

para pegar a barca na praça Quinze,

ou se pode também ,

andar de carro ou de ônibus na Ponte Rio Niterói.

Mas, se corre, e como, se corre na Presidente Vargas,

para alcançar rapidinho a Rio Branco para chegar ao escritório.

Mas não se pode esquecer de dar uma paradinha para uma prece na Candelária.

E na hora do almoço se anda,para comer um "sanduba",

para dar tempo de ir até o Centro Cultural Banco do Brasil,

para ver a nova exposição ou "pegar" um filminho.

Se anda correndo para dar tempo depois do trabalho,

de beber um shop no Amarelinho,

e quem sabe já que é em frente,

ir ao Belas Artes ou ao balé no Teatro Municipal.

Se anda , se anda ainda muito nesta cidade maravilhosa,

para venerar os heróis no Monumento dos Pracinhas e

dar uma “esticada” ao MAN.

Depois cair na grama do Aterro do Flamengo, para relaxar.

Se anda, ainda, em volta do maior estádio do mundo,

O "Maraca",

Maracanã!

E se anda para pegar o ônibus,

correndo para chagar ao subúrbio

e depois da janta,

ir para o campinho jogar uma "pelada" a meia noite.

Ninguém é de ferro!

Se anda , se anda e vai se chegando ao carnaval,

e ai ...

se anda no sambódromo,

só que ...

sambando...

e vendo a "Verde e Rosa",

Salve Estação Primeira de Mangueira!

Ziriguidum!

Ah!Se anda, se anda, para não perder o avião no aeroporto Tom Jobim,

ou no Galeão, ou no Santos Drummond, aquele, que nem o fogo derrubou.

Se anda, se anda, tanto,

que se eu falar mais você perde a paciência e fica cansado,

pois tem é chão ainda, e tem é coisa para se ver,

ver o sorriso no rosto do carioca nas ruas,

que conserva o bom humor de antigamente, pasmem!

Ainda!

Sorriso presente no papo do churrasco,

na cervejinha do boteco,

na conversa com o vizinho.

Andar para ver,

esse povo carioca de todos os lugares do mundo,

carioca baiano, cearense, capixaba, italiano, português, paulista,espanhol, argentino,e

etc..

Pois tem é carioca, até do Rio de Janeiro!

E da gema!

Mas se anda, se anda e ele sempre a nos olhar ,

lá de cima,

onde quer que se vá,

está o Cristo

a nos velar!

Augusta Melo

Rio de Janeiro, Brasil

LDA 9.160

Augusta Melo
Enviado por Augusta Melo em 01/03/2011
Código do texto: T2823229