Cara ou purpurina?

Vai faltar vaga no expresso para Pasárgada para aqueles que não gostam de andar mascarados. Neste carnaval a máscara mais usada será aquela que juntou na mesma cara o político e o palhaço. Nós, os milhões de bobos com direito a votar, agora temos alguém que é a nossa cara representando a cultura deste país. Se jogarmos a moeda para cima ela cairá ou com a face do político ou com a do palhaço. Mas não nos desesperemos ainda, em dias de sol poderemos bater uma bolinha na beira da praia ou pedir um autógrafo para algum ídolo do futebol. Estes não têm efígie na moeda, pois moeda se gasta com bagatela. Logo estarão é nas cédulas graúdas com que encheram os bolsos à custa da paixão nacional, afinal nosso lema é o progresso de alguns e a desordem de outros.

Por falar em desordem, em desfaçatez, houve um tempo em que se retratava com arte a vida de pessoas cujas realizações nos inflavam o peito de civismo ou que poderiam ser de boa influência para as gerações mais jovens. Normalmente homenageadas após morrerem ou lá pelos noventa anos, a exemplo do grande Oscar Niemeyer, o arquiteto de Brasília. Pois bem... No vago mundo do entretenimento, quando o dinheiro suplanta o bom senso, há público para tudo. Vemos as mais estranhas profissões, que nem sei mais se ainda são considerados contravenções penais ou crimes, sendo objeto de investimento milionário na mídia. O rufianismo, a prostituição, a violência, o roubo em golpes triunfais rendem dinheiro. Muito dinheiro! Os que não tiverem pressa de ir ao cinema, logo terão oportunidade de assistir de graça pela televisão a história da Surfistinha sacudindo a purpurina. Ó, ouçam o que digo: vai dar Oscar!




meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 01/03/2011
Reeditado em 22/09/2011
Código do texto: T2821456
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