EM NOME DE DEUS
É crescente o número de pessoas que, em nome de Deus, fazem o intermédio entre os homens e o divino. É lastimável que alguns pastores, se fazendo valer da crença do povo, cometam abusos religiosos com os quais o dinheiro é o fator mister. Tais pastores, excluindo, lógico, aqueles que levam a sério a missão divina, usurpam do emocional dos fiéis cujo apoio se perfaz na escritura Bíblica.
Tal polêmica é visível na maioria das igrejas evangélicas espalhadas pelo Brasil, pois, bastante é qualquer um ir aos templos evangélicos - em loco - para constatar tal afirmação. Entre um e outro templo, se perceberá a situação caótica na qual se encontram essas igrejas.
Claro que nem todas estão dentro desse conjunto, como por exemplo, as tradicionais pentecostais e ou as neopentecostais,ou seja, a presbiteriana, a metodista, a batista etc., no entanto, o número de pseudotemplos, cujos pastores não passam de fanfarrões é grande e, pior, são templos sem filiação ou qualquer relação com as igrejas sérias e ainda mais, sem qualquer sistemática doutrinária, ficando apenas em escandalosos números teatrais nos quais Deus é citado em vão, ou melhor, Deus é o cobrador de imposto, tal como se faz um cobrador do Imposto de Renda e ou, lembrando aqui a idade das trevas, a venda e cobrança de indulgências.
É fácil ver, nesses templos, os pastores gritando coisas como:
“Deus sabe quanto de dinheiro você tem na carteira. Não minta para Deus. Você não pode mentir para Deus. Deus sabe o quando você pode dar. Dê a Deus e Deus lhe devolverá em dobro. Você terá saúde, paz e riqueza. Deus ajuda quem o ajuda primeiro...”Etc.
Sempre fazem um teatro no qual alguns “fiéis” dão seu testemunho de milagres financeiros, de milagres de curas nos quais os médicos os desacreditaram etc.
O pior nesse sentido são os traumas com os quais os fiéis ficam após descobrirem em que tipo de rede caíram. Esses pastores, com o tempo, acabam por se intrometerem nas vidas pessoais de seus fiéis e, desse modo, passam a dominá-los sem qualquer pudor ou compaixão, fazendo-os dependentes do templo emocionalmente.
Contudo, há de considerar também o infantilismo daqueles que, quando procuram Deus nesses templos, acabam por se entregarem aos pastores que adoram a sensação de poder que, por conseguinte, ditam o que fazer e o que não fazer em todas as áreas da vida dos fiéis. Deixar isso acontecer é, indubitavelmente, infantilidade cultural e intelectual.
Nesses templos, os pastores além de tomarem todo o dinheiro dos fiéis, também tomam o lugar de psicólogos, professores, médicos etc., alegando estarem esses a serviço do demônio. A única saída para os fiéis é se ungirem de Deus, dado que o próprio pastor é um messias na atualidade que os salva em nome de Cristo, pois, só Cristo salva e, Cristo só salva por intermédio desses pastores.
O mais interessante é o como esses pastores aliciam os fiéis. Dão-lhes, de início, afago e o carinho necessário e, depois de ganharem suas confianças, em nome de Deus, fazem-lhes largar drogas, bebidas, vícios etc. Até aqui, nada de mal, porém, após aconselharem e dirigirem as dadas recuperações dos fiéis - cobram-lhes indulgências mensais lhes ameaçando com a temática de que Deus lhes tirarão tudo o que, por graça, através desses pastores, deu caso se mantiverem inadimplentes com o dízimo... No entanto, em momento algum, dizem-lhes que a recuperação em si partiu de dentro para fora, pois, esses pastores colocam Deus em um lugar tão alto, tão fora do alcance dos fiéis que, somente por meio dos pastores que se é possível chegar até Ele...
Outra questão engraçada, para aqueles que de fora observam essa usurpação religiosa, é testemunharem suas próprias condenações, posto que, quem não é homem de Deus, é homem do diabo e, em sendo assim, quem estiver contra esses pastores, estão contra Deus e, por lógica categórica, do lado do demônio...
Lutero, arrependido de dar início a isso tudo no século XV, com certeza deve estar dando voltas em seu túmulo em ver tais pastores agindo como se percebe na atualidade.
Ou será que o próprio Lutero não é o culpado dessa atual reforma?