PERFECT DAY (Série: Eu o Gênio da Lâmpada)
Ah, ufa... Pensei que tu odiavas esta música.
Tu e mais outro têm sido como que uma discografia perdida que eu tive, quando só contávamos com amigos que viajavam para fora do país, ou com as rádios de rock, para saber o que tava rolando lá fora.
E mais ainda, renovando o que eu ouvia e me mostrando outras coisas; tenho ouvido algo do que vocês me indicaram, mas Bruno é um chato e não me ajuda em nada na hora de baixar; eu não consigo baixar tudo o que quero, fico dando voltas e só caio em sites que pedem o número do celular ou que são pagos. E ele me disse pra nunca dar meu número.
Hoje, fui ao centro da cidade. Dentista, apertar os implantes; doeu pra burro e a doutora disse que quer uma radiografia, talvez eu esteja rejeitando um deles pela segunda vez. Caralho, não vou aguentar passar por aquilo tudo pela terceira vez, merda.
O rio estava cheio, os barquinhos estavam quase ao nível da calçada, a água cor de chumbo, meio esverdeado, e eu lembrei daquele líquido verde e preto que tu vias nos meus poemas; havia um monte de galhos de manguezais boiando, por que choveu e a chuva sempre arranca esses galhos, daí que eles ficam enfeitando o rio, aqui e ali, como se tivesse tido uma enchente; vi algumas garrafas pet, mas não muitas. E as garças ainda estão por aqui, o clima está mesmo louco, antes, elas iam embora no mês de janeiro. Pareciam bolinhas de árvore de Natal brancas, penduradas nos galhos dos manguezais à beira do rio.
A cidade continua enlameada, e as pessoas continuam jogando lixo nas ruas; o cheiro estava bom, acho que, por causa do Carnaval, os garis têm trabalhado mais e não estava aquele cheiro de asfalto quente queimando esgoto. Não, estava mais um cheiro de cimento e madeira, por causa das armações das arquibancadas para o Galo da Madrugada (o maior bloco carnavalesco do mundo, está no Guinnessssss, que merda). Os trabalhadores estavam largando quando passei e recebi dois ou três olhares, mas só um assovio de "fiu-fiu!". Mas acho que foi a calça jeans nova, de marca, que marca tudo, que minha irmã me deu no Natal. Tu sabias que para fazer uma calça jeans gasta-se 11 mil litros d'água? Descobri hoje, lendo no ônibus uma Superinteressante antiga, que comprei e não li, de 2009. Mas eles levam em consideração toda a água mesmo, que é usada, até para regar as plantações de algodão, sacou? (enquanto corrigia esse texto, descobri que há variantes na quantidade de água usada, podendo se chegar a até 42, ou mesmo, 151,4 litros).
Tu acreditas que a revista quer convencer que nós, os consumidores, somos culpados pela escassez de água e pelo superaquecimento da Terra? Não que não tenhamos uma parcela de culpa, mas perai, caralho, e quem fabrica? O que eles dizem é: Pare de consumir! - Mas não dizem: Pare de fabricar! - Por que a produção é que fode o planeta, não é? Isto é, se tudo isto for verdade, por que já vi alguns cientistas dissidentes afirmando que o ciclo do planeta é este mesmo, e que nada que façamos pode parar o processo natural, apenas estamos, talvez, apressando-o.
Já enchi teu saco? Ok, foi mal.
Beijo!