Um Novo Hábito

Casos como o dos rapazes em São Paulo, que foram alvejados por motoqueiros (casos que chegam até a ser corriqueiros), casos como o de mulheres vítimas de violências praticadas por maridos ou vice-versa (como o caso da Verônica Costa), de violências contra menores (pais que espancam seus filhos até á morte), casos de violência contra homossexuais, de exacerbação da violência policial contra pessoas inocentes, e muitos outros que acontecem cada vez mais cotidianamente – apesar de todo o progresso científico que, entre outras coisas, faz com que comemoremos uma expectativa de vida maior, apesar das inúmeras casas de oração (muitas delas de arrecadação, de que não se excluem as igrejas católicas), apesar de tudo isso, casos como os referidos só servem para nos mostrar que a sociedade está doente. E, ao que tudo indica, torna-se cada vez mais improvável que se descubra um remédio para curá-la.

O progresso da ciência e a religião não estão servindo para nada. Estamos cada vez mais bestiais, bárbaros e pior que muitos (seres que consideramos) animais, cuja violência nunca é gratuita.

Aqueles que chamávamos de selvagens, sobretudo os de antigamente (séculos 17, 18, 19), nunca foram tão pródigos em ações violentas como as que testemunhamos nos dias de hoje. É claro que puderam sofrer as atrocidades da colonização espanhola, da portuguesa – incluindo-se a “santa” Inquisição – etc., mas estas também não estavam tão especializadas ou, pelo menos, disseminadas com as de hoje. O que chega a ser alarmante diante das facilidades da vida moderna. E da preocupação do homem em identificar diversas maneiras de se aproximar do que conhecemos por Deus.

A pergunta aparentemente imediata é: por que isso acontece? Por que com essa parafernália do mundo tecnológico ao nosso alcance, com os livros publicados até hoje sobre religião, sobre auto-análise, sobre como-vencer-na-vida, sobre todos os assuntos que possamos imaginar, por que com tudo isso não conseguimos ser melhores em relação a nós mesmos? Por que nos castigamos tanto?

Haverá alguma chance de não acabarmos num CTI? Efetivamente Deus não consegue nos indicar um caminho. Senão não chegaríamos ao ponto que chegamos. Pode ser até que Ele tente. Se vivemos mais, com o avanço da medicina, isto não quer dizer que sejamos mais felizes. E toda a cibernética, a possível exploração espacial, o sem-número de itens que deveriam tornar a nossa vida mais fácil, também isso não nos tornou mais felizes ou iluminados a ponto de tornar mais feliz o nosso semelhante.

Mas claro que deve haver um remédio. Que certamente estará dentro de nós. Que é onde se deve dar a procura (e possivelmente a cura). E quando o encontrarmos, não adiantará dizermos para todo o mundo. Será muito mais profícuo mostrarmos a todos a sua descoberta, sem deixar a impressão de que descobrimos a pólvora.

O mundo sempre teve muitos reis, príncipes, czares, pharaos, imperadores, ditadores, papas, governantes de quaisquer espécies que sempre acharam que sabiam o que era melhor para todos. E deu no que deu. Na verdade nada tem sido tão melhor assim para o mundo ou para as pessoas. Cujas comunidades, como li no livro de um amigo, mantém o pérfido hábito de exterminar seus heróis, tais como Jesus Cristo, Martin Luther King, John Lennon, Che Guevara, Gandhi e muitos outros.

Talvez tenhamos que admitir como extremamente atual e preponderante a velha idéia de que um exemplo vale mais que mil palavras. E deixar ao sabor dos que puderem adotar aquele procedimento a possibilidade de ele se tornar um novo hábito.

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 26/02/2011
Reeditado em 01/03/2011
Código do texto: T2816898
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