Rum
“Raoul?”
Chad não sabia onde estava seu amigo. Beber até tarde da noite não era de seu feitio, mas a amizade com o fotógrafo Raoul Bova fazia com que isso se tornasse inevitável. Estavam em um bar da cidade se embebedando depois de um longo dia de trabalho enquanto seus clientes dormiam em suas casas, felizes e satisfeitos com o trabalho realizado por ambos naquele dia. Certa noite Chad e Raoul haviam feito um trato:
“Raoul, vamos combinar o seguinte”, disse Chad já bêbado. “Eu ajudo as pessoas a malharem e ficarem bonitas e então depois você faz ensaios fotográficos com elas. Que tal?”
Raoul, com o teor de álcool no sangue bem mais elevado do que o do amigo, não prestou muita atenção no que foi dito e apenas confirmou com a cabeça. O bar em que estavam hoje era o mesmo o qual haviam feito tal trato, e agora Chad procurava pelo amigo. Sua cliente favorita, a excelentíssima diretora geral do Hospital St. Jonathan, Caroline von Raymond, havia pedido para jantar com ele nesta noite, mas Chad, bem consciente de suas preferências, decidiu que iria chamar Raoul para um drinque entre amigos invés de passar a noite com a pata gansa de salto alto. No hospital corria a notícia de que ela e um famoso médico da cidade já haviam saído para jantar uma vez e causado o maior fervor na noite de Southern Downpour. A polícia não era o que Chad gostaria de ver esta noite.
Raoul estava saindo do banheiro em meio a tropeços com a braguilha da calça aberta quando Chad o avistou e gritou seu nome novamente. Ao ver que o amigo vinha a seu encontro, abriu um sorriso gigantesco e olhou imediatamente para garrafa de rum que Chad trazia consigo sem nem mesmo se dar conta de que ela estava vazia.
“Chaaaaaaad!”, gritou ele.
Os fregueses do bar pareciam não notar dois loucos gritando no meio do salão, até porque todos eles compartilhavam do mesmo nível mental que os dois naquele momento. Eles se abraçaram e, se não fosse pela cotovelada que recebeu de Raoul, Chad tinha encostado seus lábios nos dele.
“CHAAAAAD!”, gritou mais alto, pegando a garrafa vazia. “Já falei que eu não sou como você, meu caro. Eu gosto é de...”, seus dedos médio e indicador formaram um “V” e foram levados até a boca em um ato obsceno.
“Não tinha percebido”, retrucou o loiro. Seus olhos azuis não desgrudavam do amigo nem por um segundo. “Um dia vou fazer você virar a casaca, Raoul”.
“Quem sabe!”, respondeu o amigo, sorrindo. “Agora vá caçar uns pintos por aí e me deixe aqui com essa garrafa”.
O moreno empinou a garrafa para cima com a boca virada para o alto e só após perceber que caía líquido nenhum, se deu conta de que ela estava vazia. Lançou um olhar malicioso para o amigo loiro como se dissesse: “Ok, você me pegou!” e continuou dançando ao som da música que saía do Jukebox.
O loiro buscou mais uma leva de rum e os dois se divertiram no bar por mais duas horas antes de voltarem para casa e se abandonarem no mar da inconsciência.